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Reino Unido: Campanhas de voto tático multiplicaram-se

Uma diversidade de campanhas de voto tático, ou voto útil, surgiram a propósito das eleições legislativas britânicas de 12 de dezembro e poderão ter um impacto significativo tendo em conta a importância do resultado para o processo do Brexit.

Reino Unido: Campanhas de voto tático multiplicaram-se
Notícias ao Minuto

17:25 - 09/12/19 por Lusa

Mundo Reino Unido

A prática aplica-se quando os eleitores optam por votar num partido diferente do seu favorito para assim tentar maximizar os votos num candidato com mais hipóteses de ganhar contra um rival mais forte, normalmente o deputado que ganhou as eleições anteriores por uma margem reduzida.

Nestas eleições existem várias campanhas: Get Voting [https://getvoting.org], da organização Best for Britain, Remain United [https://www.remainunited.org], da empresária e ativista Gina Miller, Tactical Voting [https://www.tactical-vote.uk], da campanha por um segundo referendo People's Vote, Tactical Vote [tactical.vote], dos académicos Luke Cooper e Mary Kaldor.

Cada um destes portais na Internet usa sondagens e estatísticas para sugerir qual o candidato em melhor situação para forçar um segundo referendo sobre o 'Brexit' que ofereça como opção a permanência na UE.

Embora tenham existido campanhas e apelos aos eleitores para votarem estrategicamente noutras eleições, o analista político Lewis Baston afirmou hoje que a importância do resultado para o processo da saída do Reino Unido da União Europeia poderá romper militâncias partidárias ou preferências ideológicas.

"Existe uma identidade tribal clara dos que querem ficar [na UE]", afirmou, aludindo para a possibilidade de, se o primeiro-ministro, Boris Johnson, tiver uma maioria absoluta, poder ratificar o acordo que negociou e depois avançar para uma situação sem acordo no final de 2020, quando acabar o período de transição.

A diretora da organização Best for Britain, Naomi Smith, revelou hoje que o portal Get Voting já teve quase quatro milhões de visitantes, o quádruplo do registado na plataforma criada para as eleições europeias de maio.

Um modelo diferente tem o Swap My Vote [www.swapmyvote.uk], uma plataforma neutra que não invoca o 'Brexit', mas que serve de intermediário entre eleitores com objetivos comuns que aceitem "trocar" os votos em partidos diferentes nas respetivas circunscrições para que tenham mais impacto.

Um grupo de residentes em barcos que circulam nos canais ingleses também criou uma página na Internet, Votey Mc Voteface [https://mcvoteface.org.uk] para "derrubar este terrível governo conservador" e derrotar os candidatos 'tories' em circunscrições nas regiões de Bristol, Londres, Leeds, Milton Keynes, Nottingham, Hebden Bridge e Todmorden.

A ideia dos organizadores é que se possam registar a tempo de votar nas circunscrições onde vão possam fazer a diferença, tendo em conta a natureza nómada do público alvo.

A razão para a existência destas plataformas, que se multiplicaram devido à Internet, no Reino Unido deve-se ao sistema eleitoral britânico, que elege os deputados por círculos uninominais por maioria simples, ou seja, ganha quem tem mais votos [First Past the Post], que muitos consideram menos justo do que o sistema de representação proporcional.

Para os críticos do voto tático, Naomi Smith respondeu com a necessidade de usar os meios à disposição até serem aplicadas reformas políticas no país.

"Temos um sistema eleitoral que não funciona. É um sistema muito inadequado e a maioria das democracias modernas já o abandonou, mas é o sistema que temos", justificou.

Para aqueles preocupados com o risco de, por acidente, dar uma maioria absoluta ao impopular líder trabalhista Jeremy Corbyn em vez do primeiro-ministro conservador, Boris Johnson, Lewis Baston mostrou-se tranquilo e referiu que "como todas as sondagens desta eleição mostraram, esse não é um cenário realista".

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