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Escócia polarizada entre o Brexit e a independência

As eleições britânicas de dia 12 estão a polarizar os eleitores na Escócia entre o Partido Nacionalista Escocês e os conservadores de Boris Johnson, com posições opostas em questões essenciais: o 'Brexit' e a independência face ao Reino Unido.

Escócia polarizada entre o Brexit e a independência
Notícias ao Minuto

10:18 - 04/12/19 por Lusa

Mundo Brexit

Enquanto o Partido Nacional Escocês (SNP, na sigla em inglês) defende um novo referendo o 'Brexit' -- após 62% dos Escoceses terem votado vencidos em 2016 contra a saída do Reino Unido da União Europeia -- e exige outra consulta sobre a independência da Escócia face ao Reino Unido -- em 2014 o 'não' venceu com 55% dos votos -- , o Partido Conservador quer resolver o 'Brexit' e recusa um novo referendo na Escócia.

Numa ação de campanha na terça-feira na cidade de Perth, no centro da Escócia, Nicola Sturgeon, a primeira ministra escocesa e líder do Partido Nacionalista Escocês (SNP, na sigla em inglês), deixou claras as suas prioridades nestas eleições: "Se queremos escapar à confusão do 'Brexit' -- não interessa como é que as pessoas votaram, o 'Brexit' tornou-se uma completa e absoluta confusão e precisamos de encontrar uma saída - e se queremos determinar o nosso futuro e pôr o futuro da Escócia nas mãos da Escócia, então aqui em Perth e em todos os cantos do país, a forma de o fazer é votar SNP".

Sturgeon insistiu ainda na aposta do SNP em afastar o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, a quem já na apresentação do seu programa qualificou de "perigoso e inapto" para as funções de chefe de governo.

À Lusa, Nicola Sturgeon recordou que o SNP concorre em todos os 13 círculos eleitorais escoceses em que os conservadores tinham assento antes destas eleições, "por isso se as pessoas votarem no SNP, penso que a Escócia pode ter um papel a desempenhar para evitar que o Boris Johnson tenha uma maioria".

Mas, apesar de o SNP ter eleito nas últimas legislativas 35 dos 59 assentos da Escócia no Parlamento Britânico e de os conservadores só terem 13, a posição do partido nas duas questões essenciais para a Escócia nestas eleições não agrada necessariamente à maioria dos unionistas que votaram contra a independência nem aos eleitores que votaram pela independência, mas também a favor do 'Brexit'.

Embora as sondagens apontem para um domínio do SNP de Nicola Sturgeon, o facto de a Escócia ter uma grande concentração de círculos eleitorais com uma diferença muito curta entre os dois partidos mais votados deixa uma incógnita sobre o que esperar desses assentos, num país em que cada círculo eleitoral só elege o deputado mais votado.

É o caso de Perth and North Pertshire, no centro da Escócia, onde o deputado eleito, Pete Wishart, do SNP conseguiu manter o lugar de deputado nas eleições de 2017 vencendo os conservadores com uma margem de apenas 21 votos, a segunda menor diferença a nível nacional em termos percentuais.

Eleitor neste círculo, Linton Scarborough, inglês de 48 anos residente em Perth, quadro de uma multinacional e pai de quatro filhos, sente que esta eleição, com uma maioria muito apertada, "é uma corrida com apenas dois cavalos", pelo que as opões são o SNP ou os conservadores. A sua opção é "contra a independência da Escócia".

"Vou votar nos 'Tories' porque não quero dar ao SNP um mandato para aumentar o seu desejo de ter um novo referendo sobre a independência. Eles perderam o referendo. Disseram que seria um referendo numa geração e agora falam em repeti-lo seis anos depois, em 2020", lamenta.

Apesar de ter votado contra a saída do Reino Unido, Linton admite a contradição de votar agora num partido cuja principal prioridade é concretizar a saída, mas escolhe o menor de dois males.

"Prefiro enfrentar a escolha de sair da União Europeia do que a Escócia sair do Reino Unido e dividir o país, com toda a confusão que isso criaria", explicou.

Mike Lindsey, escocês de 38 anos, dono de um ginásio em Perth, votou pela independência da Escócia e contra o 'Brexit' nos referendos e nestas eleições vai votar vai votar SNP, apesar de admitir que a eventual independência da Escócia poderia representar instabilidade para os negócios.

Para o profissional do 'fitness', que recebeu a Lusa no seu ginásio, mas explicou que não queria falar de política em frente aos clientes, a principal preocupação é que "a democracia não está a ser respeitada" no Reino Unido.

Primeiro, lembrou que no referendo sobre a independência a promessa era que, se votassem para ficar no Reino Unido, os escoceses também permaneciam na União Europeia, o que depois foi contrariado pelo 'Brexit'. Depois, lamentou que a Irlanda do Norte possa ter uma situação especial na relação com a UE após o ´Brexit´ e a Escócia não, o que coloca as diferentes nações do Reino Unido em situação desigual.

Mas a acusação de antidemocracia também é apontada pelos conservadores aos nacionalistas escoceses, nomeadamente pelo candidato 'torie' em Perth and North Perthshire, Angus Forbes, relativamente ao seu rival do SNP, Pete Wishart.

"O Pete quer esquecer o facto de que o Reino Unido votou para sair da UE e quer esquecer que a Escócia votou para ficar no Reino Unido. Eu chamo a isso antidemocrático", disse à Lusa.

As principais mensagens de Angus Forbes para o seu eleitorado são "resolver o Brexit, esse é o ponto número um" e "impedir as tentativas do SNP de arrastar a Escócia para fora do Reino Unido".

"Na minha opinião, isso é democracia. Temos de dar às pessoas o que elas pediram".

No polo oposto, Wishart quer parar o 'Brexit', mas não só, disse à Lusa, à margem de uma ação de campanha no centro de Perth.

"Quero impedir as condições que permitem que nos imponham o 'Brexit' contra uma vontade nacional coletiva. É aí que o Brexit surge ligado à independência da Escócia, porque estou determinado, como membro do parlamento [britânico] a garantir que nunca mais há uma situação em que nos possam impor coisas como o 'Brexit' no futuro".

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