Diminuição das chuvas é efeito imediato das alterações climáticas
Viriato Cassamá, especialista guineense em questões ligadas ao ambiente, afirmou hoje que a diminuição das chuvas é um dos efeitos imediatos das alterações climáticas na Guiné-Bissau.
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Mundo COP25
A participar na COP25 (Conferência das Nações Unidas sobre as mudanças climáticas), que decorre em Madrid, Espanha, até dia 13, Viriato Cassamá, ponto focal das alterações climáticas na Guiné-Bissau, assinalou, em declarações à Lusa, que apesar de "grandes sucessos, o país tem sofrido com as inclemências do clima", destacando a redução das chuvas.
"A Guiné-Bissau é um país que vive da agricultura puramente pluvial, da quantidade de água que cai. Nos últimos anos, temos estado a sentir os efeitos das alterações climáticas em todas as dimensões da nossa economia, devido à variabilidade das chuvas", defendeu Cassamá.
O também diretor-geral do Ambiente, formado em engenheira ambiental em Portugal, considerou que a diminuição das chuvas "tem impactado, sobremaneira o rendimento agrícola" no país.
A subida das águas do mar, o aumento de ventos fortes e das temperaturas são outros dos sinais das alterações do clima, notou Cassamá.
"A Guiné-Bissau é um país extremamente plano, baixo até, e com a subida do nível médio das águas do mar, tem-se verificado nestes últimos anos que a nossa zona costeira tem sido afetada", afirmou o responsável ambiental, apontando o arquipélago dos Bijagós, Bissau e outras zonas ribeirinhas como "as que mais sofrem".
"Grande parte das nossas estradas tem sofrido quando caem as chuvas, mas também com o aumento de temperaturas, os nossos equipamentos, as nossas casas sofrem muito com ventos fortes e chuvas", observou Viriato Cassamá.
A prevenção às incidências do clima é o único caminho apontado pelo especialista guineense, que ainda assim enaltece o trabalho de mitigação aos efeitos das alterações que tem sido levado a cabo na Guiné-Bissau.
"Digamos que se há área em que a Guiné-Bissau tem tido sucesso é no ambiente", disse Viriato Cassamá, apontando, entre vários projetos em carteira, a ideia de recuperação do canal do rio Nsalma, localidade situada a 35 quilómetros de Bissau.
Nos anos 1980, o Governo terraplenou o canal e construiu no local uma ponte, facto sempre criticado por ambientalistas devido ao que consideram de impacto negativo no desenvolvimento do ecossistema, mas também na produção do arroz para a população de Nsalma, Nhoma, Nhacra e Mansoa.
A ideia é voltar a fazer desta zona "celeiro da produção do arroz", base da dieta alimentar dos guineenses, assinalou Viriato Cassamá.
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