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Alterações climáticas e desastres naturais mudam a mobilidade humana

Os fatores ambientais, as alterações climáticas e os desastres naturais estão a mudar a mobilidade humana à escala mundial e desencadearam, em 2018 e 2019, deslocamentos em larga escala em várias partes do mundo, destacou hoje um relatório internacional.

Alterações climáticas e desastres naturais mudam a mobilidade humana
Notícias ao Minuto

18:44 - 27/11/19 por Lusa

Mundo Migrações

Este é um dos muitos aspetos abordados pelo relatório "World Migration Report 2020" (WMR 2020) que hoje foi divulgado em Genebra pela Organização Internacional para as Migrações (OIM), liderada pelo português António Vitorino desde outubro de 2018.

"Deslocamentos em larga escala desencadeados por riscos relacionados com o clima e com as condições meteorológicas ocorreram em muitas partes do mundo em 2018 e 2019, incluindo em países como Moçambique, Filipinas, China, Índia e Estados Unidos da América", refere o extenso relatório com quase 500 páginas.

O documento destaca, por exemplo, o caso das populações dos países do sul da Ásia, que "são particularmente vulneráveis a fenómenos lentos e rápidos relacionados a desastres naturais e às alterações climáticas".

exceção do Afeganistão, onde o conflito e a violência desempenharam o papel principal na fuga das pessoas das respetivas casas, os desastres naturais foram responsáveis pela maioria dos deslocamentos no sul da Ásia em 2018", sublinha o documento, destacando o número estimado de 3,3 milhões de novos deslocamentos nesta zona geográfica na sequência de desastres naturais repentinos ocorridos no ano passado.

A OIM refere mesmo que, quando é feita uma análise comparativa com outras regiões do mundo e tendo em conta o tamanho da população, o sul da Ásia tem o maior número de pessoas em risco de deslocamento como resultado de fenómenos naturais extremos e repentinos.

Bangladesh, Índia e Paquistão são identificados como os países de maior risco.

A OIM afirma que no capítulo dos impactos das mudanças ambientais e climáticas na mobilidade humana tem existindo "um reconhecimento crescente" por parte da comunidade internacional, nomeadamente através de "esforços globais e de mecanismos de política internacional" para lidar com esta matéria.

"A importância dos fatores ambientais, das mudanças climáticas e dos desastres naturais continuará a ser uma área essencial para futuros estudos e desenvolvimentos políticos no âmbito do debate sobre a governança da migração internacional", afirma a OIM, recordando como estes fatores e fenómenos afetam os meios de subsistência das pessoas e influenciam as suas estratégias de migração.

Lançado por ocasião da 110.ª sessão do Conselho da OIM, a decorrer esta semana em Genebra, o relatório WMR 2020 mantém, segundo a organização, o compromisso desta agência da ONU de "fornecer informações sobre migração bem investigadas, rigorosas e acessíveis".

"A OIM tem a obrigação de desmistificar a complexidade e a diversidade da mobilidade humana", declarou hoje o diretor-geral António Vitorino, dirigindo-se aos Estados-membros daquela organização.

"Como este relatório mostra, temos um conjunto de dados e informações em contínuo crescimento que podem nos ajudar a 'entender melhor' as principais características da migração em tempos cada vez mais incertos", disse Vitorino, ainda a propósito do relatório que foi publicado pela primeira vez pela OIM em 2000.

Já na introdução do relatório, António Vitorino reforça que "nunca foi tão importante" fornecer uma abordagem "objetiva e equilibrada" da migração global.

"Não só a migração tem uma importância política elevada, e frequentemente exaltada, mas a capacidade de disseminar rapidamente a desinformação para influenciar o discurso público têm-se expandido", frisa.

Segundo os dados globais disponíveis no relatório, os migrantes internacionais no mundo estimados em 2019 rondavam os 272 milhões de pessoas (quase igual à população total da Indonésia), dos quais mais de metade (52%) são homens e dois terços (74%) são migrantes em idade laboral (20-64 anos).

Este número global de migrantes continua a ser uma percentagem muito pequena (3,5%) da população mundial composta por cerca de 7,7 mil milhões de pessoas.

"O que significa que a grande maioria das pessoas no mundo (96,5%) reside no país em que nasceu", indica o documento.

O relatório realça, no entanto, que o número e a proporção estimados de migrantes internacionais "já superam algumas projeções feitas para o ano de 2050, que eram na ordem de 2,6% ou 230 milhões".

A Índia continua a ser o maior país de origem de migrantes internacionais (17,5 milhões), seguida pelo México e China (11,8 milhões e 10,7 milhões, respetivamente).

Os Estados Unidos mantêm-se como o principal país de destino: 50,7 milhões de migrantes internacionais.

"É amplamente reconhecido que a escala e o ritmo da migração internacional são notoriamente difíceis de prever com precisão, porque estão intimamente ligados a cenários de crise aguda (como situações de grave instabilidade, crise económica ou conflitos), bem como a cenários a longo prazo (como mudanças demográficas, desenvolvimento económico, avanços das tecnologias de comunicação ou acesso de transportes)", enumera o relatório.

O WMR 2020 não se esqueceu de destacar alguns casos específicos de deslocamentos internos e externos que envolveram milhões de pessoas nos últimos dois anos, seja por causa de conflitos (Síria, Iémen, República Centro-Africana, República Democrática do Congo e Sudão do Sul), de situações de extrema violência (a minoria muçulmana rohingya que procurou refúgio no Bangladesh) ou de situações de grave instabilidade económica e política (por exemplo, a Venezuela testemunhou, até à data, o êxodo de 4,6 milhões de pessoas).

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