Marcelo Nogal, um professor brasileiro de 43 anos que vive em São Paulo, é apaixonado por fotografia e viagens. Nas últimas décadas conheceu, com a mulher, 80 países. Mas nada o sensibilizou tanto como encontrar mais de 200 fotografias de uma viajante misteriosa, tiradas na década de 70, nas mesmas regiões pelas quais ele passou nos últimos 12 anos.

Tudo começou há cerca de quatro anos, quando o cunhado ofereceu ao docente de português um projetor de slides comprado numa loja de artigos em segunda mão.

Apesar de ter gostado da oferta, como contou à BBC, em 2018, o aparelho não funcionava corretamente e decidiu guardá-lo, assim como uma caixa com slides antigos, num armário.

Dois anos depois, decidiu comprar um lâmpada nova para o projetor e reproduzir os slides. Ao ver as imagens, não queria acreditar. Nas fotos, uma jovem mulher, com cerca de 30 anos, aparecia em locais por onde ele tinha passado recentemente.

“Nós fomos a locais idênticos. Isso deixou-me muito surpreso, principalmente, porque era uma mulher independente a viajar pelo mundo, em plena década de 70 (…). As imagens deixaram-me impressionado porque mesmo sendo antigas tinham muito a ver comigo. Fiquei admirado com a história daquela mulher, mesmo sem conhecê-la”, revelou à BBC.

Em algumas fotografias, a desconhecida aparece, décadas antes, exatamente onde o professor esteve, como é o caso de um miradouro de Olinda, em Pernambuco, e outra em Manhattan, nos EUA. Ao todo, há fotografias tiradas em oito países, entre os quais Canadá, Peru e Argentina, além de imagens de várias cidades brasileiras.

“Por mais que sejam locais turísticos, foi uma coincidência muito grande o facto de ela ter cruzado a minha vida. É uma coisa de destino, não sei explicar. ”, afirmou.

Para descobrir quem era a desconhecida, Marcelo digitalizou as fotografias e partilhou o caso na sua página de Facebook.

Nas redes sociais, não obteve respostas. Contudo, em outubro do ano passado, o professor conseguiu descobrir quem era a viajante.

Quem era a misteriosa viajante?

Quando estava a procurar uns documentos, Marcelo encontrou, no armário onde tinha guardado o projetor, um papel com o nome ‘Elaine’. Como não conhecia nenhuma mulher com esse nome, depressa chegou à conclusão, que o papel tinha caído da caixa dos slides.

Posteriormente, pesquisou no Google e nas redes sociais por ‘Elaine + Espiritismo’, visto que, há uma foto em que a mulher aparece num centro espírita em Pernambuco.

Enquanto procurava, encontrou Elaine Curti Ramazzini. Depois de analisar as fotografias atuais e antigas, concluiu que tinha resolvido o mistério da desconhecida.

Conta a BBC que a brasileira Elaine Curti Ramazzini era considerada uma mulher à frente do seu tempo. Foi uma psicóloga de renome, que chegou a dar palestras nos EUA. Era também uma escritora espírita, religião para a qual entrou ainda na adolescência e da qual foi seguidora até à morte. Desde a década de 60 que viajava pelo mundo, sozinha ou acompanhada por amigas e familiares. Nunca casou, nem teve filhos. Segundo os familiares, viveu para ajudar os outros.

Já Marcelo Nogal, numa publicação partilhada nas redes sociais, contou que Elaine morreu em julho de 2018. Mesmo assim, o professor decidiu entrar em contacto com um sobrinho da psicóloga, chamado Rodolpho, para lhe dar os slides. E coincidência das coincidências, no dia 29 de setembro, dia em que Elaine faria anos.

A descoberta emocionou toda a família da espírita. Rodolpho acredita que a tia tenha perdido as fotografias agora encontradas por Marcelo, durante uma mudança de casa.

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