França expressa "profunda preocupação" com manifestações no Irão
França afirmou hoje estar a acompanhar "com profunda preocupação" a vaga de protestos no Irão, em particular as informações que dão conta "da morte de muitos manifestantes nos últimos dias" naquele país, referiu a diplomacia francesa, num comunicado.
© Reuters
Mundo Irão
Na nota informativa, o Ministério dos Negócios Estrangeiros francês referiu que Paris "está a seguir com preocupação os protestos que estão a ocorrer no Irão", apelando à República Islâmica para respeitar as suas obrigações internacionais "em matéria de Direitos Humanos, em particular do Pacto Internacional relativo aos direitos civis e políticos".
A diplomacia francesa destacou, nomeadamente, o respeito pela liberdade de expressão, o acesso aos meios de comunicação e o direito de manifestação.
Tumultos e violentas manifestações ocorreram, desde sexta-feira à noite, em várias cidades do Irão, depois do anúncio do Governo iraniano de um forte aumento do preço da gasolina.
Na terça-feira, a ONU denunciou o uso excessivo de força contra os manifestantes no Irão, incluindo o recurso a balas reais, manifestando igualmente preocupação devido aos relatos que indicava um número "significativo" de mortos, que poderia rondar as "dezenas", durante os protestos naquele país.
Nesse mesmo dia, a Amnistia Internacional (AI) avançava que o balanço dos protestos iranianos poderia ultrapassar os 100 manifestantes mortos.
Devido ao bloqueio quase total do acesso à Internet no país, que está a deixar o Irão praticamente isolado do mundo, a verificação da situação no terreno, nomeadamente o número de mortos e de feridos após os últimos dias de tumultos, é muito difícil de fazer.
O Governo de Teerão já afirmou que a Internet só será restabelecida quando tiver a certeza de que a rede não será utilizada para promover novos tumultos e o país regressar a uma calma durável.
Hoje, o Presidente iraniano, Hassan Rohani, declarou que o Irão sai "vitorioso" e unido dos protestos dos últimos dias, mencionando as imagens das concentrações a favor do poder em várias cidades do país divulgadas pelos 'media' estatais.
"O nosso povo saiu vitorioso em diversas ocasiões face ao complô dos inimigos e também desta vez face aos tumultos -- que eram um complô do inimigo contra a segurança (da nação), o povo foi totalmente vitorioso", declarou Rohani no Conselho de Ministros.
De acordo com o plano anunciado pelo Governo e que esteve na origem dos protestos, o preço da gasolina, bastante subsidiada no Irão, deve aumentar 50% para 15.000 riais (11 cêntimos de euro) para os primeiros 60 litros adquiridos cada mês e 300% além disso.
As receitas da subida dos preços destinam-se a subsidiar 60 milhões de iranianos com necessidades, segundo explicou o responsável pela Planificação e Orçamento, Mohammad Bagher Nobakht.
O Irão, com 83 milhões de habitantes, registou uma quebra da sua moeda, o rial, ligada em parte às sanções económicas restabelecidas a partir de meados de 2018 pelos Estados Unidos (EUA), após a retirada unilateral de Washington do acordo internacional sobre o nuclear iraniano de 2015.
A inflação na República Islâmica é superior a 40% e, segundo o Fundo Monetário Internacional, a economia deve contrair-se 9% este ano, antes de registar um crescimento de 0% em 2020.
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