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Putin considera "inadmissível" rever Acordos de Minsk sobre a Ucrânia

O Presidente russo considerou hoje "inadmissível" uma eventual revisão dos Acordos de paz de Minsk sobre a Ucrânia numa antecipação da cimeira de 09 de dezembro em Paris, que vai reunir pela primeira vez desde 2016 os líderes dos países envolvidos.

Putin considera "inadmissível" rever Acordos de Minsk sobre a Ucrânia
Notícias ao Minuto

17:04 - 20/11/19 por Lusa

Mundo Rússia

"Agora repetem-se cada vez mais as teses de que os Acordos de Minsk devem ser revistos. Vemos que aí [na Ucrânia] se colocam questões que na perspetiva do pacto sobre o Donbass consideramos inadmissíveis e contraproducentes", considerou Vladimir Putin no decurso do fórum económico "A Rússia chama".

Putin também considerou "incompreensíveis" as afirmações do Presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy de que a lei sobre o estatuto especial para a região do Donbass [sudeste da Ucrânia] deve ser substituída em 01 de janeiro, mas sem apresentar uma alternativa que reconheça um estatuto de autonomia para as zonas controladas pelos separatistas pró-russos.

A cimeira de Paris vai reunir os líderes da Ucrânia, Rússia, França e Alemanha, numa tentativa de fornecer novo ímpeto ao protocolo de Minsk, firmado em 2014 pelas partes beligerantes e que conheceram uma segunda versão após mediação internacional.

Putin também se opôs ao envio da guarda nacional ou da polícia ucraniana para as zonas de Donetsk e Lugansk que registaram recentemente a retirada do exército ucraniano, e que foram ocupadas pelas milícias pró-russas.

"Se [os ucranianos] regressarem, não vai acontecer nada de bom, já que haverá uma resposta simétrica pelas milícias das repúblicas populares [autoproclamadas] de Donetsk e Lugansk", advertiu.

Recordou ainda que a guarda nacional ucraniana é integrada "na sua maioria" por membros de organizações ultranacionalistas, acusadas por Moscovo e os separatistas de atrocidades contra a população local.

Numa referência a Zelenskiy, com que ainda não se reuniu desde a sua tomada de posse em maio, Putin reconheceu que apenas manteve contactos com o homólogo de Kiev e definiu-o como uma pessoa "agradável e sincera".

"Na minha perspetiva, pretende de facto alterar a situação para melhor, inclusive no Donbass. Mas ainda não sei em que medida está em condições de fazê-lo. No entanto foram efetuados alguns passos positivos", indicou.

Nessa perspectiva, Zelenskiy anunciou esta semana que vai propor na cimeira de Paris, que vai decorrer de acordo com o designado "formato de Normandia", prazos "mais ou menos concretos" para recuperar o Donbass, palco de uma guerra que se prolonga há cinco anos e provocou mais de 13.000 mortos.

Zelenskiy, cuja principal promessa eleitoral foi o fim da guerra no leste da Ucrânia, considerou que a cimeira deve começar com a discussão sobre a convocatória de eleições nas zonas controladas pelos separatistas pró-russos nas províncias de Donetsk e Lugansk.

O Presidente ucraniano expôs os 'dossiers' que deseja abordar em Paris no decurso de uma deslocação que hoje efetuou ao leste, na presença dos embaixadores francês e alemão, onde inaugurou uma ponte destinada a facilitar a passagem dos civis pela linha da frente.

No local, referiu-se ao "controlo pela Ucrânia da sua fronteira" com a Rússia, onde mais de 400 quilómetros são atualmente controlados pelos separatistas, e que segundo Kiev e os ocidentais permite a Moscovo enviar tropas e armas às milícias rebeldes.

As violações do cessar-fogo e futuras trocas de prisioneiros também serão abordadas nas discussões de alto nível previstas para dezembro.

No decurso de uma conversa telefónica, Putin e o Presidente francês Emmanuel Macron asseguraram na segunda-feira que a cimeira de 09 de dezembro deve "efetivamente" impulsionar a "imediata e total" aplicação dos acordos de paz para o Donbass.

No entanto, o chefe da diplomacia alemã, Heiko Maas, assegurou ontem em Kiev que na perspetiva do seu Governo "cabe agora à Rússia aplicar o que foi acordado durante as negociações".

A Fórmula Steinmeier, acordada pelas partes em conflito com o objetivo de impulsionar a aplicação dos Acordos de Minsk, contempla a convocação de eleições locais no Donbass e a formação de um governo autónomo nas regiões separatistas, caso o escrutínio seja considerado democrático pelos observadores internacionais.

A futura cimeira foi precedida por diversos episódios de apaziguamento nas relações entre Moscovo e Kiev. Em setembro ocorreu uma importante troca de prisioneiros e procedeu-se à retirada de tropas ucranianas de combatentes separatistas pró-russos de três pequenos setores da linha da frente.

Na segunda-feira, a Rússia restituiu à Ucrânia três navios militares apreendidos há um ano ao largo da Crimeia no decurso de um incidente naval que constituiu o primeiro confronto armado direto entre os dois países vizinhos.

Ao contrário do seu antecessor, Petro Poroshenko, partidário de uma linha dura face a Moscovo, o Presidente Volodymyr Zelenskiy, um ex-comediante eleito triunfalmente em abril, é mais favorável ao diálogo.

Esta abordagem é, no entanto, rejeitada por setores da população ucraniana, em particular entre os setores nacionalistas e os antigos combatentes que se têm manifestado contra o que consideram uma "capitulação" face a Moscovo.

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