Igreja Católica insta Governo e oposição a encararem mudanças políticas
A Igreja Católica instou hoje o Governo do Presidente Nicolás Maduro e a oposição venezuelana a encararem a possibilidade de uma mudança política no país e a ouvir o povo.
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Mundo Venezuela
"É hora, dos que detêm o poder, abrir as possibilidades a uma mudança política, requerida pela imensa maioria da população. É também hora, para que os que estão do lado da oposição, olhem para as necessidades de um povo que sofre" lê-se num comunicado hje divulgado em Caracas pela Conferência Episcopal Venezuelana (CEV).
No documento afirma-se ainda que é também hora "das autoridades militares e policiais honrarem, de uma por todas, o juramento de defender o povo e os seus direitos".
No comunicado, antecipando as manifestações das forças que apoiam o Governo e da oposição previstas para sábado, a CEV sublinha que "o direito a protestar e expressar-se publicamente" está previsto no sistema jurídico venezuelano e que "com ele se expressa a inconformidade da população perante uma situação de crise que continua a atingir a dignidade humana de homens e mulheres da Venezuela".
"Os setores que convocaram para sábado, 16 de novembro, uma nova marcha para fazer sentir o descontentamento do povo e o seu desejo de uma mudança na direção política do país. Da mesma forma, o partido no poder está a convidar os seus apoiantes a realizarem marchas (...) os que governam a nação pediram que a 'milícia' e outros grupos, saíam a defender a paz e o sistema que têm vindo impondo de maneira hegemónica e totalitária", destaca a liderança católica venezuelana.
Segundo a CEV a vontade do povo de que haja uma mudança, "é inquebrável", porque "sabe que a crise continuará a agravar".
"A fome, a falta de medicamentos e de serviços públicos, o empobrecimento, o altíssimo custo de vida que continua a aumentar, assim como o elevado número de irmãos que migram fugindo da situação sufocante do país. Tudo isso cria, junto com a desilusão e o desencanto, um ressentimento extremamente perigoso pelas possíveis consequências no futuro", adverte a CEV.
No documento, a CEV faz "um apelo sério ao respeito mútuo e a agir em paz" e explica que "apelar à violência é irracional e não é próprio de quem se identifica como filho de Deus".
"Participar pode ser um prelúdio para uma etapa importante na resolução dos nossos problemas. É hora de ter o povo em conta (...) não podemos continuar perante posições de cerração, onde os interesses particulares são o que interessam, (onde) há afã de manter ou conseguir o poder, manter a corrupção e é óbvio o esquecimento do povo", adianta.
O documento conclui afirmando que os bispos continuarão "do lado do povo e ao seu serviço, como pastores de uma Igreja que quer continuar fiel ao Evangelho de Jesus Cristo, o da libertação e da justiça".
A oposição venezuelana e os simpatizantes do Governo saem de novo às ruas no sábado, uns para exigir que Nicolás Maduro abandone o poder e outros em apoio ao chefe de Estado e ao ex-Presidente da Bolívia, Evo Morales.
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