Manifestantes em cólera voltam a bloquear estradas no Líbano
Manifestantes voltaram hoje a bloquear estradas no Líbano, um dia depois de declarações do Presidente Michel Aoun parecendo ignorar as suas reivindicações e da morte a tiro de um contestatário.
© Reuters
Mundo Líbano
Escolas e bancos ficaram fechados e os contestatários apelaram aos libaneses nas redes sociais para que se manifestassem em frente do palácio presidencial, perto de Beirute.
Os manifestantes queimaram pneus e bloquearam vias importantes no centro de Beirute e nas entradas da capital, assim como na cidade de Tripoli e no distrito de Akkar (norte) e no vale de Bekaa (leste).
O Líbano vive desde 17 de outubro um levantamento sem precedentes para exigir a saída do conjunto da classe política, praticamente a mesma há décadas e considerada corrupta e incapaz de acabar com a profunda crise económica.
Apesar de confrontos esporádicos, a mobilização tem-se mantido pacífica, mas as declarações do chefe de Estado transmitidas pela televisão na noite de terça-feira avivaram a cólera.
Aoun propôs um governo formado por tecnocratas e políticos, afirmando ser possível que as consultas para designar um novo primeiro-ministro comecem antes do final da semana.
Os contestatários, que conseguiram a demissão do chefe do governo Saad Hariri a 29 de outubro, pedem um executivo composto apenas por independentes e tecnocratas.
"Onde é que posso encontrá-los (os independentes)? Na lua?", questionou Aoun, adiantando: "Se dentro do Estado não há ninguém que lhes convenha (aos manifestantes), que emigrem".
Logo após o discurso do presidente, contestatários começaram a atear fogo a caixotes do lixo e pneus, bloqueando várias estradas no país, nomeadamente nas cidades do sul e em Tripoli.
A agência nacional de informação (ANI) noticiou que um homem, Alaa Abou Fakhr foi morto a tiro na zona de Khaldé, a sul da capital. Trata-se da segunda pessoa morta à margem do movimento de contestação.
"Planeamos bloquear as principais estradas, todas as instalações públicas e em breve os responsáveis nas suas próprias casas", disse hoje à agência France Presse Antoine Saad, que com dezenas de outros jovens bloqueava a estrada de Jal el-Dib, a norte de Beirute.
"O povo (...) idosos, jovens, crianças, mulheres e estudantes invadiram as ruas há quase um mês e o presidente não tinha nada para lhes dizer", comentou, criticando Aoun por se ter dirigido "ao seu povo com desprezo".
"Ele deve entender que as pessoas não o querem mais e que ele deve sair", adiantou Saad.
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