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Espanha em alta tensão: Eleições não tornaram vida de Sánchez mais fácil

O cenário para formar um governo em Espanha não se modificou face às eleições de abril e a solução parece continuar a ser um entendimento com o Unidas Podemos. A contestação na Catalunha não dá sinais de abrandamento e prosseguem os protestos, que prometem ser mais visíveis.

Espanha em alta tensão: Eleições não tornaram vida de Sánchez mais fácil
Notícias ao Minuto

08:45 - 12/11/19 por Fábio Nunes

Mundo Eleições Espanha

As eleições gerais de Espanha não ajudaram a clarificar ou a resolver o impasse político. Na realidade, Pedro Sánchez até estará mais pressionado agora do que aconteceu no pós-eleições de abril para tentar formar uma coligação que lhe permita governar com maioria. O PP e o Vox cresceram e depois dos volte-faces para um acordo com o Unidas Podemos nos últimos seis meses, desta feita exige-se a Sánchez uma resolução definitiva para a crise política em Espanha. O PSOE quer evitar a todo o custo o cenário de um terceiro escrutínio.

E o Unidas Podemos de Pablo Iglesias é a solução mais clara para o problema bicudo que Pedro Sánchez tem em mãos. Iglesias já abriu a porta a um governo de coligação, agora com uma urgência ainda maior face à ascensão do Vox a terceira força política em Espanha. Os 120 deputados do PSOE e os 35 do Unidas Podemos dariam a maioria necessária para governar no país vizinho.

Posta de parte parece estar a possibilidade de um bloco central do PSOE e do PP. Segundo o La Vanguardia, José Luis Ábalos, secretário-geral dos socialistas deixou isso claro na sequências das eleições deste domingo. “O nosso grande compromisso é que não hajam terceiras eleições e que tenhamos um governo progressista, e esse conceito não inclui uma grande coligação com o PP”, disse.

Mas o PSOE tem outro objetivo: não quer ser refém do independentismo catalão para governar. “Não queremos um governo que dependa dos partidos independentistas. Era o que dizíamos e é o que dizemos”, afirmou Ábalos.

Ainda (e sempre) a questão catalã

A Catalunha teve um impacto decisivo no resultado destas eleições, basta constatar as subidas do PP e do Vox, os partidos que assumiram uma posição mais dura relativamente ao desejo indenpendentista e à onda de protestos que se seguiu à sentença dos nove políticos catalães. E a Catalunha vai continuar a marcar o futuro político e as tensões sociais em Espanha.

As eleições nunca seriam uma solução para resolver uma questão tão complexa como a da Catalunha. E a resposta foi dada no dia a seguir às eleições deste 10 de novembro. O movimento Tsunami Democràtic cortou a AP-7, uma autoestrada situada na fronteira com França. O corte aconteceu na zona de Jonquera, onde os manifestantes se mantêm há cerca de 24 horas.

Nesta altura, a polícia de choque fracesa está a tentar retirar os manifestantes da via. De acordo com o La Vanguardia, os agentes da força de segurança tentaram convencê-los a desmobilizar através do diálogo, algo que não deu frutos. As informações mais recentes dão conta de uma carga da polícia francesa contra os manifestantes. Foi lançado gás pimenta e há registo de alguns feridos.

Ao mesmo tempo, o Tsunami Democràtic reforçou o apelo através do Twitter para que mais pessoas se juntem ao protesto e se dirijam para a autoestrada na fronteira com França.

O movimento continua a puxar pelo lema ‘Sit and Talk’ (Sentar e Falar), que também é utilizado pelos partidos catalães JxCat e ERC.

Este protesto do Tsunami Democràtic alimentou uma manifestação em Barcelona esta segunda-feira em frente à delegação do governo espanhol. O protesto de apoio ao corte de estrada juntou 500 pessoas. Várias ruas da cidade Condal também foram ocupadas por outros grupos de manifestantes.

Mas se fossem necessários mais sinais de que a posição de Pedro Sánchez sobre a Catalnunha não mudou, essas dúvidas dissiparam-se na manhã que se seguiu às eleições. Quim Torra, o presidente da Generalitat voltou a telefonar a Sánchez para tentar falar com ele, mas mais uma vez isso não aconteceu.

É nesta Espanha em alta tensão, dividida, envolta em contestação que o povo voltou a incumbir o primeiro-ministro e líder do PSOE da árdua missão de governar. Seis meses depois isso está longe de ser uma tarefa mais fácil. Muito por contrário. 

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