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Síria: Pelo menos 300 cristãos forçados a fugir após invasão turca

Pelo menos 300 cristãos foram forçados a fugir do nordeste da Síria desde o início da ofensiva militar turca contra os curdo-sírios, desencadeada no passado dia 9 de outubro, denunciou hoje a Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS).

Síria: Pelo menos 300 cristãos forçados a fugir após invasão turca
Notícias ao Minuto

16:34 - 05/11/19 por Lusa

Mundo Síria

"Pelo menos 300 cristãos foram forçados a deixar as cidades de Ras al-Ayn, Derbasiyah, Tal Tamr e uma área de al-Malikiyah", revelou o representante episcopal da Igreja Católica em Al-Hasakah, Nidal Thomas, à Fundação AIS.

Segundo Thomas, se os combates persistirem, pode haver um "êxodo ainda maior que pode incluir a cidade de Qamishli", no nordeste sírio, onde residem cerca de 2.300 famílias cristãs.

Por seu lado, a Fundação AIS apela à falta de "opções fáceis" para os cristãos fugirem caso a operação militar prossiga.

"A fuga para o vizinho Iraque, nomeadamente para o Curdistão iraquiano, situado também na região, parece inviável", relatou Thomas à AIS, esclarecendo que "a vida lá é muito cara para os cristãos sírios empobrecidos".

Apesar das recentes operações militares norte-americanas que resultaram na morte do líder do grupo extremista Estado Islâmico (EI), Abu Bakr al-Baghdadi, os cristãos residentes no nordeste sírio temem também um "renascimento" do grupo 'jihadista'.

Os Estados Unidos, aliados dos combatentes curdo-sírios, já anunciaram que, desde o início da ofensiva lançada pela Turquia, pelo menos uma centena de efetivos do EI escaparam dos campos onde estavam detidos no nordeste da Síria.

"[A ameaça do EI] é uma eventualidade que devemos ter em consideração", lamentou Nidal Thomas, acrescentando que há indicações de que muitos 'jihadistas' pertencem agora ao Exército Livre da Síria, sediado na região de Ras al-Ayn e opositor do Governo de Bashar al-Assad.

Através da organização, o sacerdote pediu apoio à comunidade internacional, afirmando que os cristãos são o "elo mais fraco" do conflito, pois querem viver em paz e rejeitam a guerra.

"Dois terços dos cristãos já abandonaram o país e o terço restante corre o risco de não conseguir sobreviver. Enquanto isto, os países ocidentais lutam entre si para dividir a Síria", concluiu Thomas.

De acordo com a AIS, as declarações do sacerdote Nidal Thomas ocorreram quase em simultâneo com a denúncia de "violações graves e crimes de guerra" por parte de organizações de defesa dos direitos humanos contra as forças militares da Turquia.

Entre essas organizações está a Amnistia Internacional, que afirma ter registado casos de "execuções e ataques" nos quais "civis foram mortos ou feridos".

A agência AsiaNews disse que a operação militar turca está a perpetrar uma "limpeza étnica 'suave' atacando membros de outras minorias religiosas, incluindo os cristãos" e citou um responsável da comunidade cristã, Bassam Ishak, que referiu "intimidações e ataques seletivos contra arménios e cristãos sírios".

Bassam Ishak apelou ainda para o risco de as terras e propriedades dos cristãos serem confiscadas.

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