Um morto em protestos durante cerimónias fúnebres de manifestantes
Um jovem foi hoje morto na Guiné-Conacri em confrontos com a polícia, durante uma marcha organizada pela oposição na capital, Conacri, para homenagear vários guineenses mortos nas últimas semanas.
© Reuters
Mundo Guiné-Conacri
De acordo com a oposição, outros seis participantes foram feridos por balas naquele que é o mais recente surto de violência mortal a abalar o país.
A Guiné-Conacri, país com 13 milhões de habitantes, enfrenta uma crescente tensão política desde 14 de outubro, quando o Presidente, Alpha Condé, admitiu a possibilidade de um terceiro mandato.
Desde então, cerca de 15 manifestantes foram mortos, de acordo com a oposição, enquanto dezenas foram feridos ou detidos. A estes soma-se um membro da guarda nacional da Guiné-Conacri.
Os funerais de 11 manifestantes que morreram nas últimas três semanas tinham sido adiados pelas autoridades, que temiam situações conflituosas.
A Frente Nacional de Defesa da Constituição (FNDC), que lidera o movimento de protesto contra Alpha Condé, pretendia transformar os funerais numa "marcha fúnebre" pelos desaparecidos e contra o chefe de Estado da Guiné-Conacri.
Centenas de guineenses, incluindo familiares e figuras da oposição, marcharam a pé ou de moto pelo distrito de Bambeto, atrás dos caixões revestidos com a bandeira nacional da Guiné-Conacri, enquanto alguns pediam "justiça para os mortos" e acusavam o Presidente de ser "assassino".
De acordo com a agência France-Presse, terá sido entre o hospital e a mesquita que os conflitos eclodiram, com a polícia a responder a apedrejamentos dos manifestantes.
Segundo testemunhas citadas pela AFP, as forças policiais utilizaram gás lacrimogéneo e balas de borracha, tendo, alegadamente, recorrido a balas reais.
Abdourahim Diallo, 17 anos, "foi morto pela polícia em Bambeto [distrito na capital], enquanto assistia ao funeral de um seu amigo morto há duas semanas", afirmou a sua irmã Diariana, à AFP.
O Presidente da Guiné-Conacri disse que são os manifestantes quem está a disparar, numa tentativa de responsabilizar o Governo.
Organizações de defesa dos direitos humanos criticam o uso excessivo de força por parte das forças do Governo, as detenções arbitrárias e a repressão destinada a silenciar a oposição.
A Guiné-Conacri encontra-se numa crise política alimentada pela vontade de Alpha Condé, 81 anos, de se recandidatar a um terceiro mandato em 2020, alterando, para isso, a Constituição.
Em janeiro deste ano, o chefe de Estado prolongou o mandato do parlamento guineense até que uma nova legislatura tomasse posse, numa data não especificada.
Em 23 de setembro, Alpha Condé referiu-se à decisão de realizar na Guiné-Conacri um referendo que possibilite uma alteração constitucional por forma a alargar o número de mandatos presidenciais, atualmente de cinco anos, renovável uma vez, e lhe permita candidatar-se ao cargo, cujo mandato expira em dezembro de 2020.
Alpha Condé chegou ao poder em 21 de dezembro de 2010 após vencer a segunda volta das presidenciais contra o ainda principal líder da oposição, Cellou Dalein Diallo, e foi reeleito em outubro de 2015.
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