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Espanha: Tudo o que tem de saber sobre as eleições de domingo

As eleições do próximo domingo em Espanha têm cinco partidos principais, que na última consulta tiveram, cada um, mais de 10% dos votos, com destaque para o PSOE que foi o mais votado mas agora está a perder força.

Espanha: Tudo o que tem de saber sobre as eleições de domingo
Notícias ao Minuto

14:49 - 04/11/19 por Lusa

Mundo Espanha

A pulverização de partidos leva a que seja importante perceber a possível aliança de blocos: à esquerda formado pelo PSOE Partido Socialista Operário Espanhol), Unidas Podemos (extrema-esquerda) e Más País; e à direita pelo PP (Partido Popular), Cidadãos (direita-liberal) e Vox (extrema-direita).

Nas últimas eleições, em 28 de abril, o PSOE foi o mais votado com 28,7% dos votos, seguido pelo PP 16,7%, o Cidadãos 15,9%, o Unidas Podemos 14,3% e o Vox 10,3%.

Segundo várias sondagens publicadas domingo e hoje, o PSOE voltará a ganhar as eleições mas está a perder força, seguido pelo PP que sobe para cerca de 21% e o Vox também a crescer para cerca de 13%.

A forte subida dos dois partidos de direita é feita à custa do Cidadãos, que baixaria para 8-9%, enquanto à esquerda o Unidas Podemos pode descer para 13% e o Mais País aparece com cerca de 4%.

A todos estes partidos junta-se agora o Mais País, uma formação criada por um ex-fundador do Podemos (extrema-esquerda), que apesar das sondagens indicarem uma votação reduzida, poderá roubar alguns votos aos dois principais partidos da esquerda.

O Podemos, o principal partido da coligação Unidas Podemos, juntamente com o Cidadãos, foram os grandes responsáveis por, a partir de 2015, ter terminado a hegemonia do PSOE e do PP, que durante quase 40 anos se intercalaram na condução do Governo espanhol.

PSOE 

O principal candidato socialista é o seu secretário-geral que acumula com o cargo de primeiro-ministro em função, Pedro Sánchez, de 47 anos, que concorre pela quarta vez desde 2015.

O PSOE foi fundado em 1879, tendo sido responsável por vários Governos desde 1978, ano em que foi aprovada a atual Constituição, depois da longa ditadura de Francisco Franco.

Pedro Sánchez é, desde 2 de junho de 2018, o sétimo primeiro-ministro espanhol da época democrática, e também, desde 2017, secretário-geral do PSOE, depois de ter sido reeleito para o cargo que já tinha desempenhado entre 2014 e 2016.

Sánchez sucedeu a Alfredo Pérez Rubalcaba como secretário-geral do PSOE em julho de 2014 e ocupou pela primeira vez a cadeira de deputado no Congresso dos Deputados (parlamento) como líder da oposição a 10 de setembro de 2014.

Acabado de ser eleito secretário-geral do PSOE teve o grande desafio de tentar recuperar a unidade do partido e a confiança dos antigos votantes do PSOE, que se tinham refugiado no novo partido de extrema-esquerda Podemos.

Em 2015 e 2016 o PSOE obteve os piores resultados eleitorais da sua história, cerca de 22%, e quase foi ultrapassado pelo Podemos na preferência dos espanhóis. Pedro Sánchez foi obrigado a demitir-se em outubro de 2016, mas em maio de 2017 ganhou as eleições primárias do partido contra as candidaturas apoiadas pela máquina partidária e os antigos dirigentes, entre eles Felipe González, o líder histórico do partido.

PP

Pablo Casado, de 38 anos, é presidente do partido desde julho de 2018, tendo-se candidatado ao lugar para "recuperar" os votantes perdidos para o Cidadãos e o Vox.

O jovem líder substituiu na direção do partido Mariano Rajoy, que se demitiu de primeiro-ministro na sequência da aprovação de uma moção de censura que levou à subida ao poder de Pedro Sánchez menos de dois meses antes. O candidato do PP descreve-se a si próprio como um liberal-conservador, mas é visto mais como um neoconservador muito próximo do ex-primeiro-ministro José Maria Aznar.

O PP foi fundado em 1989 e teve como origem uma aliança entre a Aliança Popular, o Partido Democrata Popular e o Partido Liberal Espanhol.

Cidadãos

O candidato a primeiro-ministro é o presidente do partido, Albert Rivera, de 39 anos, nascido na Catalunha, tendo o pai sido um operário que conseguiu montar um negócio e ter dinheiro para mandar o filho estudar para uma escola privada.

Rivera é presidente do Cidadãos desde a sua fundação em 2006 e foi deputado no parlamento regional da Catalunha, antes de se mudar para Madrid.

Na época em que vivia em Barcelona recebeu várias ameaças de morte para que abandonasse "a sua política contra o nacionalismo" catalão e em frente da porta da sua casa um painel com a sua fotografia tinha uma bala cravada com sangue em redor da representação de uma ferida.

Como líder e candidato ao parlamento nacional, Rivera conseguiu que o Cidadãos subisse para os 13,9% nas legislativas de 2015, 13,1% nas de 2016 e 15,9% em abril último.

No entanto, a estratégia errática de Rivera faz com que o Cidadãos apareça nas sondagens para as eleições de domingo como o partido mais penalizado, podendo baixar até os 8%.

Unidas Podemos

O líder da coligação onde também está a Esquerda Unida (ex-Partido Comunista) é o secretário-geral do Podemos, Pablo Iglesias, de 40 anos.

Este antigo apresentador de televisão, analista político e professor universitário foi em 2014 um dos fundadores do Podemos, um dos novos partidos que colocaram em causa e acabaram com o sistema político espanhol bipartidário que permitiu durante 40 anos PSOE e PP se intercalarem na condução do executivo nacional.

Nasceu em Madrid e a mãe é advogada no sindicato histórico Comissiones Obreras (Comissões Operárias) e o pai inspetor das condições de trabalho e professor de história já reformado.

O Podemos é um partido populista que critica a existência de castas, em que o povo, ou os de baixo, lutam contra os de cima, que estão no poder.

Vox

O candidato principal é o presidente do partido, Santiago Abascal, de 34 anos, nascido em Bilbao (País Basco).

O seu pai foi um membro histórico da Aliança Popular e, mais tarde, dirigente local do PP, tendo a família sido alvo de ameaças do grupo terrorista ETA.

Aos 18 anos de idade inscreveu-se como militante do PP, partido que abandonou em 2013 alegando divergências com a direção do ex-primeiro-ministro Mariano Rajoy, entre outras coisas por causa da posição em relação a casos de corrupção que envolviam membros da formação política e à política antiterrorista contra a ETA.

O partido foi irrelevante até às eleições de 28 de abril último, quando saltou para os 10,3% da votação e elegeu 24 deputados para o Congresso dos Deputados.

Mais País

Íñigo Errejón, de 35 anos fundou há cerca de um mês este partido para concorrer às eleições gerais de domingo.

Durante vários anos, Íñigo Errejón foi um amigo inseparável de Pablo Iglesias, líder do Podemos, e os dois fundaram em 2014 este partido nascido a partir do grande descontentamento popular com as políticas de austeridade lançadas desde 2011 pelo PP que, segundo eles, era o partido dos políticos "corruptos".

Designado no início do corrente ano cabeça de lista do Podemos para Madrid, para as eleições regionais de maio último, Errejón acabou por abandonar a formação para se juntar a 'Mais Madrid' liderado pela popular presidente de câmara da capital espanhola, Manuela Carmena.

Errejón candidatou-se "para enfrentar a abstenção" nas eleições de novembro, e procura ocupar um espaço político de esquerda entre o Podemos e o PSOE.

Leia Também: "É inevitável que a Catalunha tenha impacto no resultado eleitoral"

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