O relatório, apresentado pelo presidente da comissão de inquérito, Martin Moore-Bick, concluiu que houve "violação das orientações nacionais" de segurança em edifícios muito altos e faz um apelo direto ao primeiro-ministro para que as suas recomendações sejam adotadas de imediato.
O documento refere que os bombeiros deveriam ter retirado as pessoas da torre mais cedo, garantindo que isso teria salvado muitas vidas, e adianta que os líderes dos bombeiros devem "deixar de se esconder atrás da coragem da sua brigada de combate e enfrentar as consequências das suas falhas".
"A Torre de Grenfell era o lar de uma comunidade forte e vibrante que foi destruída pelo fogo", disse, acrescentando que "em alguns casos, famílias inteiras morreram e muitas pessoas ainda choram familiares, amigos e vizinhos, com quem compartilhavam a vida", considera a comissão de inquérito.
O documento aponta "falhas sistémicas" na atuação dos bombeiros, referindo que "um exame atento às operações da sala de controlo revelou deficiências na atuação, política e formação" dos bombeiros, nomeadamente na forma de lidar com um número excecional de chamadas telefónicas a pedir ajuda.
De acordo com o inquérito, "nem sempre foram obtidas as informações necessárias" nas chamadas telefónicas, nem foram "avaliadas as condições dos locais onde as pessoas que telefonavam estavam, para facilitar a sua fuga".
A comissão de inquérito concluiu ainda que os bombeiros não conseguiram preparar um plano para combater o incêndio e retirar as pessoas do edifício, classificando a operação como "gravemente inadequada".
Segundo refere, a principal razão para o alastramento do fogo foi o revestimento de alumínio e plástico usado no exterior do edifício durante uma remodelação do edifício, realizada em 2016.
A associação Grenfell United, que representa centenas de membros da comunidade afetada pelo incêndio, entre sobreviventes e familiares, disse hoje que as conclusões do relatório são "muito tristes" por mostrarem que as vítimas poderiam ter sido salvas se fossem retiradas do edifício mais cedo.
Os sobreviventes adiantaram que a sua vontade de avançar com "acusações criminais" é agora ainda mais forte face às conclusões sobre o uso de materiais inflamáveis na remodelação da torre.
A remodelação "transformou as nossas casas em armadilhas mortais", afirmou a associação.
A associação defendeu também que os proprietários do edifício Grenfell, a administração de condóminos e as empresas de construção devem responder a várias questões, numa segunda fase do inquérito, que começa em janeiro e durará 18 meses.
Paralelamente ao inquérito, a polícia metropolitana está a investigar possíveis casos de homicídio involuntário e coletivo, mas as conclusões só deverão ser entregues ao Ministério Público depois de concluída a segunda fase do inquérito da comissão.
O primeiro-ministro inglês elogiou hoje a divulgação das conclusões da investigação sobre o incêndio na torre de Grenfell, afirmando que o mundo "está finalmente a saber a verdade sobre o que se passou".