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China é a "prioridade" apesar dos EUA, diz embaixador

O embaixador brasileiro em Pequim assegurou hoje que a China "continua a ser prioritária" para a diplomacia brasileira, apesar da aproximação do Presidente Jair Bolsonaro aos Estados Unidos, que encaram a potência asiática como rival estratégico.

China é a "prioridade" apesar dos EUA, diz embaixador
Notícias ao Minuto

13:10 - 22/10/19 por Lusa

Mundo Pequim

"Não há dúvidas sobre a importância que a China tem", sublinhou à agência Lusa, em Pequim, Paulo Estivallet de Mesquita, nas vésperas de Bolsonaro iniciar uma visita de Estado de dois dias ao país.

Estivallet de Mesquita, 59 anos, é formado em engenharia agronômica pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul e em diplomacia pelo Instituto Rio Branco. Serviu anteriormente nas embaixadas de Roma (1989-1993) e Santiago (1993-1995) e foi Representante Permanente Adjunto da Delegação do Brasil para a Organização Mundial do Comércio em Genebra (2003-2011).

A eleição de Bolsonaro foi inicialmente recebida com apreensão pelas autoridades chinesas, face à sua aproximação a Taiwan e críticas feitas ao investimento chinês durante a campanha, mas Estivallet de Mesquita garantiu que "isso foi superado muito rapidamente logo no início do mandato".

"Tanto o Presidente Bolsonaro, os seus ministros e o vice-presidente [Hamilton Mourão], todos reiteraram em vários momentos que a China é um país prioritário e que o Brasil tem todo o interesse em manter um relacionamento de alto nível", afirmou.

O embaixador do Brasil destacou a reativação da Reunião da Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Concertação e Cooperação, o principal mecanismo de coordenação da relação bilateral, e a evolução contínua dos fluxos comerciais.

"A China é, de longe, o nosso maior parceiro comercial, nós exportamos para a China mais do dobro do que exportamos para os EUA, que são o segundo parceiro, e mais do triplo do que exportamos para a Argentina, que é o terceiro parceiro", ilustrou.

Em 2018, as exportações para a China representaram 26,8% do total das vendas do Brasil ao exterior e atingiram um pico de 64,2 mil milhões de dólares, beneficiando em parte das disputas comerciais entre Pequim e Washington.

O diplomata revelou que, durante a visita, Bolsonaro vai procurar diversificar as exportações, que assentam sobretudo na venda de soja, petróleo e minério de ferro, através do licenciamento de diferentes produtos dos setores das carnes e da fruta.

"O Brasil tem uma oferta boa de frutas e alguns desses produtos têm um potencial enorme na China", considerou.

Questionado sobre a possibilidade do Brasil implementar a rede de quinta geração (5G) em parceria com a Huawei, a gigante tecnológica alvo de sanções norte-americanas - Washington acusa a empresa de cooperar com a espionagem chinesa -, o diplomata citou o ministro brasileiro dos Negócios Estrangeiros, que já esclareceu que o Brasil não tem a intenção de descriminar nenhuma empresa.

Sobre o desenvolvimento de infraestruturas, uma outra área profícua na cooperação sino-brasileira, o diplomata afirmou que Brasília "está bastante feliz com o que já foi feito e com as perspetivas".

"Energia, redes de distribuição, geração e transmissão, a China está bastante ativa [nessas áreas]. No caso da transmissão, a [estatal] China State Grid tem no Brasil os maiores investimentos fora da China", lembrou.

Também na construção ou modernização de portos, autoestradas e linhas ferroviárias, o embaixador considerou que os chineses "têm sido muito ativos", mas que a implementação desses projetos demora algum tempo, "até pela forma como opera o governo brasileiro, a estrutura federal, e a necessidade de avaliação do impacto ambiental e uma série de outras condições".

Jair Bolsonaro, que tomou posse no início deste ano, visita Pequim entre os dias 24 e 26 de outubro, onde vai reunir com o seu homólogo chinês, Xi Jinping. A deslocação ocorre depois de o Presidente brasileiro ter estado nos Estados Unidos, Chile, Israel, Argentina e Japão.

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