Erdogan vai retomar ofensiva "com mais determinação" no fim da trégua
O Presidente da Turquia avisou hoje que a ofensiva no nordeste da Síria será retomada "ainda com mais determinação" assim que terminar a trégua (às 20:00 de Lisboa) porque as forças curdas não se retiraram da região.
© Reuters
Mundo Síria
"O processo [de trégua] termina hoje às 22:00 [20:00 em Lisboa] e se as promessas feitas pelos norte-americanos não forem respeitadas, a operação será retomada com maior determinação", garantiu Recep Tayyip Erdogan pouco antes de viajar para a Rússia, onde irá encontrar-se com o seu homólogo russo, Vladimir Putin.
Erdogan adiantou que ainda estão mais de 1.300 combatentes curdos sírios no nordeste da Síria e que apenas 800 partiram daquela região no âmbito do acordo que permitiu uma trégua de cinco dias nos combates.
O cessar-fogo de 120 horas acordado entre a Turquia e os Estados Unidos para permitir às milícias curdas a saída do nordeste da Síria termina hoje, apesar de apelos para o seu prolongamento.
O Governo turco chamou a atenção dos Estados Unidos, que até agora eram aliados dos curdos na luta contra o grupo 'jihadista' Estado islâmico, para o facto de parte de o acordo de cessar-fogo incluir o desarmamento das milícias.
O Governo turco acusa as milícias curdas das Unidades de Proteção do Povo (YPG), que considera serem grupos terroristas e contra as quais lançou uma ofensiva em solo sírio em 09 de outubro, de terem violado o cessar-fogo por 36 vezes desde que este teve início na passada quinta-feira.
Na segunda-feira, o Presidente francês, Emmanuel Macron conversou por telefone com o seu homólogo russo, Vladimir Putin, transmitindo-lhe a "importância de prolongar o cessar-fogo" no nordeste da Síria e apelando a "uma saída da crise por meios diplomáticos", segundo disse uma fonte da presidência francesa.
No entanto, Erdogan afirmou hoje que rejeita a proposta de Macron, até porque não lhe foi feita a si.
"Não recebi essa proposta de Macron. [Emmanuel] Macron está com os terroristas e escolheu esta forma para nos comunicar a proposta dos terroristas", acusou o Presidente turco.
Vladimir Putin e Recep Tayyip Erdogan encontram-se hoje em Sochi, na Rússia, poucas horas antes de terminar o ultimato turco às forças curdas na Síria.
O início da reunião dos líderes russo e turco e das suas delegações está previsto para as 13:00 locais (11:00 em Lisboa) naquela zona balnear do sul da Rússia, sendo seguida de uma conferência de imprensa.
Embora Moscovo tenha admitido entender o lado turco, o Kremlin - que é um ator incontornável na Síria - incentivou Damasco e curdos a optarem por dialogar.
Os curdos têm tido a ajuda das forças do presidente sírio Bashar al-Assad, que, acompanhadas de militares russos, conseguiram retomar áreas que estavam sob controlo curdo e tinham sido atacadas por Ancara.
O presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, condenou hoje novamente a invasão da Turquia no nordeste da Síria e pediu a retirada das tropas turcas da região.
"Ninguém acredita no chamado cessar-fogo", firmado na semana passada pelos EUA e pela Turquia, disse hoje Tusk em Estrasburgo, França, defendendo que a Turquia só está à espera que os combatentes curdos da Síria se afastem da fronteira.
Segundo Tusk, a Turquia, candidata a aderir à União Europeia, "tem de pôr um fim definitivo à sua ação militar, retirar as suas forças e respeitar o Direito Internacional Humanitário".
"Qualquer outro caminho significa um sofrimento inaceitável, uma vitória para o Daesh [acrónimo em árabe do auto-proclamado Estado Islâmico] e uma séria ameaça à segurança europeia", concluiu.
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