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Síria: Kremlin avisa que ofensiva turca pode comprometer solução política

O Kremlin advertiu hoje que a situação de tensão no nordeste da Síria, onde se cumpre o terceiro dia de trégua na operação militar turca contra as milícias curdas, pode prejudicar o processo de negociação política que decorre na Síria.

Síria: Kremlin avisa que ofensiva turca pode comprometer solução política
Notícias ao Minuto

21:20 - 20/10/19 por Lusa

Mundo Síria

"Os acontecimentos no nordeste da Síria causam-nos a todos grande preocupação", disse Dmitri Peskov, porta-voz presidencial, em declarações à televisão russa.

Peskov sublinhou que "esses acontecimentos podem potencialmente prejudicar a solução política" no país árabe do Médio Oriente.

As declarações de Peskov foram as mais críticas face a Ancara emitidas por um alto responsável russo desde o início da operação militar na Síria, e que foi suspensa na sequência de um acordo entre a Turquia e os Estados Unidos.

Esta semana, o negociador russo para a região, Aleksandr Lavrentiev, advertiu que as tropas turcas não podiam penetrar mais de cinco quilómetros em território sírio e manifestou oposição à sua presença permanente no país.

Lavrentiev recordou o acordo sírio-turco de Adana, firmado em 1998 para tranquilizar Ancara em termos de segurança, e onde ficou estipulado que as tropas turcas podiam apenas percorrer cinco quilómetros em território curdo sírio para combater a rebelião do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), considerado "terrorista" por Ancara.

O mediador do Kremlin considerou que cerca de 12.000 jihadistas do Grupo Estado Islâmico (EI) se encontram em prisões no nordeste sírio e que poderão ser libertados caso as milícias curdas abandonem as suas posições.

No sábado, o presidente russo Vladimir Putin e a chanceler alemã Angela Merkel mantiveram uma conversa telefónica na qual coincidiram no apoio a uma solução política para a Síria.

"As duas partes sublinharam a importância de impulsionar o processo de resolução política na Síria, em particular tendo em conta a convocatória para finais de outubro em Genebra da primeira reunião do Comité constitucional", assinalou a nota oficial.

Putin sublinhou que "a estabilização a longo prazo na Síria apenas é possível na base do respeito dos princípios de unidade e integridade territorial do país".

"Em simultâneo, deve ter-se em consideração os interesses de cada grupo étnico e religioso na Síria", acrescentou, numa óbvia alusão aos curdos.

Na terça-feira Putin recebe em Soshi (mar Negro) o seu homólogo turco Recep Tayyip Erdogan, para abordar a situação na fronteira sírio-turca após Ancara ter negociado a trégua com os norte-americanos.

Nas suas últimas reuniões com Erdogan, Putin demonstrou compreensão face à ambição turca de garantir a sua segurança na fronteira com a Síria e apoiou a criação de uma "zona de segurança" turco-norte-americana no nordeste do país árabe.

Hoje, o ministro dos Negócios Estrangeiros turco, Mevlut Çavusoglu, assegurou que Erdogan proporá a Moscovo a retirada das milícias curdas da fronteira com a Síria.

O acordo entre turcos e norte-americanos, anunciado na noite de quinta-feira pelo vice-Presidente dos Estados Unidos Mike Pence durante uma visita a Ancara, prevê a suspensão por 120 horas (cinco dias) da ofensiva desencadeada em 09 de outubro, e o fim da intervenção militar, caso as forças curdas das Unidades de Proteção Popular (YPG), consideradas como "terroristas" por Ancara, se retirem durante este período das zonas fronteiriças da Turquia com o nordeste da Síria.

Erdogan garantiu a preservação das suas principais exigências, em particular a retirada das YPG e a formação de uma "zona de segurança" de 32 quilómetros de largura em território sírio, e mesmo que o comprimento desta faixa, que o Presidente turco quer prolongar por 480 quilómetros, permaneça por definir.

A operação foi lançada após o Presidente dos EUA Donald Trump ter anunciado em 07 de outubro a retirada das equipas militares norte-americanas estacionadas no nordeste sírio, fornecendo na prática luz verde ao início da operação turca.

Pouco depois alterou a sua posição devido aos protestos à escala internacional devido à função decisiva das YPG na luta contra os 'jihadistas' do grupo extremista Estado Islâmico.

Para tentar travar a ofensiva de Ancara, as YPG apelaram às forças do regime sírio de Bashar al-Assad, que se deslocaram para as zonas que há muitos anos lhes escapavam ao controlo.

Erdogan afirmou, entretanto, que a ofensiva no nordeste da Síria será retomada a partir da noite de terça-feira caso as forças curdas não se retirem desse setor como ficou previsto no designado acordo de cessar-fogo.

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