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Catalunha: Violência beneficia posição do Governo espanhol

Um analista político pró-independência contactado pela Lusa defende que os últimos acontecimentos violentos na Catalunha beneficiam a posição do Governo espanhol, num momento em que os principais líderes políticos e sociais separatistas estão presos ou no exílio.

Catalunha: Violência beneficia posição do Governo espanhol
Notícias ao Minuto

12:07 - 19/10/19 por Lusa

Mundo Catalunha

"O movimento [independentista] tem força pelas manifestações pacíficas que eram feitas até agora", disse o analista político Francesc Farrés (nome fictício escolhido a pedido do próprio, devido a situação tensa na região) à agência Lusa, acrescentando que "Madrid com os últimos acontecimentos vai consolidar o seu relato de defesa da união de Espanha".

Os movimentos de protesto violento começaram na segunda-feira em toda a Catalunha, depois ser conhecida a sentença contra os principais políticos catalães responsáveis pela tentativa de independência em outubro de 2017.

"O campo separatista tem falta da liderança dos políticos e líderes de organizações sociais que estão na prisão e que sempre foram pacíficos", sublinhou Farrés.

Os juízes do Tribunal Supremo espanhol decidiram condenar os nove políticos separatistas que já estavam presos de forma cautelar desde a tentativa de independência em 2017 a penas de nove a 13 anos de prisão por delitos de sedição e peculato.

"Receio que hoje continue a escalada dos grupos radicais que não têm nada a ver com o movimento pró-independência tradicional", disse o analista ao mesmo tempo que desaprovava o "comportamento dos jovens que estão fartos de esperar por uma independência que não acontece".

A CUP (Candidatura de Unidade Popular), um partido político de extrema-esquerda independentista e antissistema catalão convocou mais uma manifestação "pacífica" para hoje a partir das 18:00 (menos uma em Lisboa) na Praça Urquinaona, no centro de Barcelona.

Se a "coreografia" for idêntica à dos dias anteriores, quando esta concentração "pacífica" terminar, quando começar a escurecer, aparecem grupos de jovens radicais que nos últimos dias têm enfrentado a polícia de choque nas ruas da capital catalã.

"Os nacionalistas e independentistas catalães têm vergonha da violência e vão sempre condená-la, apesar de compreenderem o sentimento de frustração dos mais jovens", afirmou Francesc Farré.

O analista receia que, até às eleições gerais espanholas de 10 de novembro próximo, o Governo central mande mais polícias, ou mesmo forças militares, para a comunidade autónoma.

"É uma pena que isto esteja a acontecer, porque a violência apenas interessa a Madrid", insistiu.

Uma grande manifestação independentista, contra a condenação dos políticos envolvidos na tentativa separatista de 2017, realizou-se na sexta-feira no centro de Barcelona, tendo os grupos radicais tomado conta do centro da cidade em seguida, pelo quinto dia consecutivo, a provocar as forças de ordem.

Os independentistas radicais, na sua maioria jovens de cara tapada, começaram a lançar pedras e garrafas de água cheias em direção da polícia que realizou várias cargas.

Na última noite, os confrontos entre os separatistas e a polícia foram particularmente violentos, com barricadas e fogos ateados pelos radicais, ao que a polícia respondeu com balas de borracha, gás lacrimogéneo e canhões de água.

Em vários pontos da cidade espanhola havia contentores de lixo incendiados por grupos de jovens que, antes de pegarem fogo, faziam com eles barricadas no meio das avenidas para impedir a polícia de circular.

O ambiente era de "batalha urbana" com os radicais, que quebravam e destruíam tudo por onde passam, a fugir com a chegada da polícia, para, em seguida, se reagruparem noutro local, onde voltavam a fazer barricadas.

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