ONU condena repressão de militantes políticos no Egito
O Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos denunciou hoje as detenções de destacados militantes no Egito e pediu às autoridades para investigarem as alegações de tortura a pessoas detidas.
© Reuters
Mundo ONU
Diversos militantes conhecidos por terem participado na revolta popular de 2011 foram detidos nas últimas semanas, incluindo a bloguista e jornalista Esraa Abdel-Fattah e a bloguista e programadora informática Alaa Abdel Fattah.
Abdel-Fattah e o seu advogado, Mohamed al-Baqer, igualmente detido, são acusados de "pertencer a um grupo terrorista", de financiá-lo, "divulgar falsas informações que colocam em perigo a segurança nacional" e de "utilizar os 'media' sociais para cometer delitos de publicação", especificou em comunicado o Alto Comissariado.
"As pessoas têm o direito de se manifestar pacificamente e exprimir as suas opiniões, incluindo nos media sociais", declarou em conferência de imprensa Ravina Shamdasani, porta-voz do Alto Comissariado.
Esraa Abdel-Fattah foi acusada pelas autoridades egípcias de "colaborar com uma organização terrorista", de "difundir falsas informações" e de "má utilização das redes sociais", ainda segundo o organismo da ONU.
Após a sua detenção, prosseguiu Shamdasani, "foi agredida por ter recusado entregar o seu telemóvel portátil" e de seguida "forçada a permanecer frente a um muro durante sete horas".
Segundo a ONU, Alaa Abdel Fattah também foi sujeita a violências físicas após a sua detenção em 29 de setembro.
"Os guardas da prisão vendaram os olhos de Abdel Fattah, forçaram-na a ficar em roupa interior e a percorrer um corredor da prisão enquanto era agredida nas costas e no pescoço", precisou a porta-voz.
O Alto Comissariado apela ao Egito a "investigar rapidamente e eficazmente todas as alegações de tortura ou de maus tratos sob detenção".
As manifestações -- proibidas no Egito na sequência da lei adotada em 2013 e muito raras --, ocorreram em diversas regiões do país, em particular a 20 e 27 de setembro.
Os manifestantes respondiam ao apelo de Mohamed Aly, um empresário no exílio que acusa o Presidente Abdel Fattah al-Sisi de corrupção.
Segundo diversas organizações de direitos humanos, cerca de 3.000 pessoas foram detidas desde 20 de setembro, incluindo intelectuais, militantes políticos, advogados e jornalistas.
As organizações não-governamentais indicam que esta vaga repressiva é a mais vasta desde a chegada ao poder do marechal Al-Sisi em 2014.
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