Brasil em silêncio sobre Venezuela para garantir vaga em conselho da ONU
O presidente da organização Human Rights Watch (HRW) considerou hoje que o Brasil, para garantir a sua recondução no Conselho de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU), permanece em silêncio sobre a candidatura da Venezuela.
© Reuters
Mundo Brasil
"O Brasil está colocando sua candidatura acima de tudo. O Governo está permitindo que a Venezuela tenha lugar no Conselho de Direitos Humanos [da ONU] para que o Brasil possa entrar no Conselho mesmo que seja sem votos. E este é o pacto com o demónio que o Governo Bolsonaro fez", afirmou Kenneth Roth, em declarações à Lusa.
O presidente global da HRW reuniu-se, em Brasília, com o ministro das Relações Exteriores brasileiro, Ernesto Araújo, e defendeu um posicionamento do país a favor da Costa Rica, na sua candidatura ao Conselho de Direitos Humanos, mas disse não a certeza de que isso vá acontecer.
"Ontem [terça-feira], em Brasília, nos encontramos com o ministro das Relações Exteriores. Muitos de vocês sabem que amanhã vão votar os novos membros para o Conselho de Direitos Humanos da ONU. Até uma semana atrás havia dois candidatos para as duas vagas, o Brasil e a Venezuela, mas a Costa Rica, no último minuto, anunciou a sua candidatura", explicou.
A candidatura da Costa Rica, anunciada este mês, tem o objetivo declarado de impedir que o Governo do Presidente venezuelano, Nicolás Maduro, assuma uma das posições no Conselho de Direitos Humanos da ONU.
No total, mais de 50 organizações não-governamentais de direitos humanos também se uniram para se opor às aspirações venezuelanas.
Kenneth Roth reiterou o desafio para que o Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, se manifeste publicamente contra Maduro, considerando que o Governo brasileiro faz um jogo perigoso ao negar apoio público à Costa Rica.
"O Governo brasileiro recusa opor-se publicamente à Venezuela e a apoiar a Costa Rica, que é o oponente direto da Venezuela. Apresentei isto para o ministro das Relações Exteriores e ele não soube o que dizer", contou.
O presidente da HRW revelou que Ernesto Araújo "prometeu fazer uma declaração muito clara" e "que o Brasil iria incitar todos a votarem contra a Venezuela e a favor da Costa Rica".
"Estou esperando porque hoje é o último dia para fazer isto. A votação é amanhã de manhã", concluiu.
Descarregue a nossa App gratuita.
Oitavo ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online e eleito o produto do ano 2024.
* Estudo da e Netsonda, nov. e dez. 2023 produtodoano- pt.com