"Não vou estar com eles", declarou Erdogan ao canal Sky News no final de uma reunião no parlamento com os deputados do seu partido no poder.
"Eles encontrar-se-ão com os seus homólogos. Eu só falarei a (presidente norte-americano Donald) Trump, se ele vier", adiantou.
A Casa Branca anunciou na terça-feira que Pence se reuniria com Erdogan na quinta-feira, durante a sua visita a Ancara, com o objetivo de conseguir um "cessar-fogo imediato" no norte da Síria, onde a Turquia lançou há uma semana uma ofensiva militar contra as milícias curdas das Unidades de Proteção Popular (YPG).
Hoje, a porta-voz de Pence, Katie Waldman, confirmou que o vice-presidente mantém a visita à Turquia, apesar da recusa de Erdogan de falar com ele.
"O vice-presidente parte hoje para a Turquia", declarou Waldman à agência France-Presse.
Perante os deputados do seu partido, Erdogan excluiu hoje qualquer negociação com as forças curdas e exigiu que estas deponham as armas e se retirem da fronteira turca.
Aliadas dos ocidentais no combate aos 'jihadistas' do grupo Estado Islâmico, as YPG são consideradas terroristas por Ancara devido à sua ligação ao Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK, guerrilha curda ativa na Turquia).
O objetivo da operação militar de Ancara é criar uma "zona de segurança" de 32 quilómetros de extensão ao longo da fronteira entre a Turquia e Síria para manter as YPG à distância e repatriar uma parte dos 3,6 milhões de refugiados sírios no território turco.
Desde o início da ofensiva a 9 de outubro já foram mortos 71 civis, 158 combatentes das Forças Democráticas Sírias (FDS, dominadas pelas YPG) e 128 pró-turcos, segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos.
Ancara indicou a morte de seis soldados, bem como de 20 civis, por tiros de 'rockets' sobre localidades turcas, provenientes da Síria.
A ofensiva da Turquia já provocou o êxodo de 160.000 pessoas, segundo a ONU, e obrigou à suspensão das atividades de todas as organizações não-governamentais internacionais e à retirada dos seus funcionários da região atacada.
A ofensiva de Ancara abre uma nova frente na guerra da Síria que já causou mais de 370.000 mortos e milhões de deslocados e refugiados desde que foi desencadeada em 2011.