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RSF coloca manequins desmembrados em frente a consulado saudita

A Repórteres Sem Fronteiras (RSF) realizou hoje uma ação no consulado saudita na França, um ano após o assassínio do jornalista Jamal Khashoggi, para exigir esclarecimentos sobre esta morte e parar os abusos contra a imprensa na Arábia Saudita.

RSF coloca manequins desmembrados em frente a consulado saudita
Notícias ao Minuto

17:58 - 01/10/19 por Lusa

Mundo Caso Khashoggi

Segundo a agência de notícias France-Presse (AFP), 20 ativistas da organização não-governamental RSF colocaram manequins de plástico desmembrados, usando braçadeiras e dorsais de imprensa, em frente à porta do consulado, localizado em Neuilly-sur-Seine, perto de Paris.

Uma maneira de recordar as circunstâncias particularmente bárbaras em que o jornalista foi morto e depois desmembrado no consulado saudita em Istambul, na Turquia, considerou Christophe Deloire, secretário-geral da RSF.

Esta ação tem como objetivos pedir esclarecimentos sobre as circunstâncias deste assassínio e denunciar as contínuas violações da liberdade de imprensa na Arábia Saudita, onde atualmente estão detidos cerca de 30 jornalistas e bloguista.

"Está claro que a investigação das autoridades sauditas não estava apenas sob controlo, mas em grande parte impedida, conforme estabelecido pela relatora especial da ONU", indicou Christophe Deloire à AFP.

Em janeiro, a relatora especial da ONU, Agnès Callamard, indicou ter "elementos de prova credíveis, justificando uma investigação adicional da responsabilidade individual de altos responsáveis sauditas, incluindo a do príncipe herdeiro".

"Há pouco mais de uma dezena de acusados detidos, mas com julgamentos à porta fechada. Em suma, é uma justiça que não corresponde absolutamente aos padrões básicos de justiça e onde claramente há uma vontade de condenar à morte alguns dos acusados, o que para nós seria silenciar para sempre as pessoas que poderiam revelar uma parte problemática da verdade", acrescentou.

Sobre as recentes declarações do príncipe herdeiro saudita, Mohammed bin Salman, em que assume "plena responsabilidade" pela morte do jornalista, mas nega ter ordenado o homicídio, a RSF diz não estar convencida.

"Ele [Mohammed bin Salman] está a tentar sair disto, mas é uma maneira de retirar perguntas sobre a sua culpa pessoal e a sua responsabilidade de assumir o compromisso pela liberdade de imprensa na Arábia Saudita, mesmo que o jornalismo esteja sujeito a uma repressão feroz", afirmou Christophe Deloire.

A 2 de outubro de 2018, o jornalista saudita Jamal Khashoggi, que morava nos Estados Unidos, entrou no consulado da Arábia Saudita em Istambul, para tratar de alguns documentos necessários para o casamento com uma cidadã turca.

O jornalista não voltou a sair do consulado, onde foi morto por agentes sauditas, que saíram da Turquia e regressaram à Arábia Saudita logo após o assassínio.

O julgamento dos 11 suspeitos começou no início de janeiro, na Arábia Saudita, e o procurador-geral solicitou a pena de morte para cinco deles, mas até hoje, ninguém foi condenado.

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