Tusk pede "verdade na vida política" e proteção dos valores fundamentais
O presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, colocou-se hoje do lado dos que defendem o multilateralismo e pediu "aos poderosos" do mundo "verdade na vida política", no seu último discurso na Assembleia-Geral da ONU.
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Mundo ONU
Ao intervir perante a 74.ª Assembleia-Geral, Tusk, que termina o seu mandato no final de outubro, começou por dizer que queria centrar o seu último discurso naquele palco e naquelas funções para "falar dos desafios" do mundo e partilhar "uma reflexão", "inspirada por palavras ditas há dois dias" na Assembleia-Geral da ONU.
Entre os desafios, apontou a "emergência ambiental", enumerando algumas das medidas mais relevantes tomadas pela União Europeia (UE), que, reafirmou, "vai tornar-se o primeiro continente a atingir a neutralidade carbónica" em 2050.
"Mas não são só os oceanos, o ar, a diversidade. Os grandes desafios do mundo são também a verdade na vida política, a proteção da liberdade, a proteção do Estado de Direito e a solidariedade", afirmou.
Donald Tusk não nomeou nenhum dirigente mundial, mas frisou que, "para proteger a verdade na vida política, não basta acusar outros de 'fake news', basta simplesmente deixar de mentir".
O presidente do Conselho da UE defendeu ainda a proteção da liberdade de cada cidadão a cada momento, da imprensa livre, do Estado de Direito e da solidariedade, que consiste, disse, em "proteger os fracos quando atacados pelos fortes e cruéis".
"Se os poderosos do mundo não compreenderem isto, vão ficar para a história não como líderes, mas como 'fake leaders'" (líderes falsos), advertiu.
Quanto à reflexão inspirada em palavras ditas na Assembleia-Geral, Tusk não nomeou os intervenientes, mas foi claro que se referia aos discursos de sentido contrário proferidos na terça-feira pelo secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, que defendeu o multilateralismo, e pelo Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que defendeu que "o futuro não pertence aos globalistas, mas sim aos patriotas".
"Não concordo com esta opinião, é falsa e perigosa", disse, frisando que a UE "é de facto uma tentativa heroica de derrotar essa ideia" e alertando que a história mostra "como é fácil transformar o amor pela pátria em ódio pelos vizinhos" e "o orgulho na sua cultura em desprezo pela dos outros".
"Amo Gdansk, amo a Polónia e amo a Europa", disse o político polaco. "Mas a vida pode tornar-se um inferno se não encontrarmos aqui, na ONU, resposta para os desafios globais: o controlo de armas, o terrorismo, a proliferação nuclear e a destruição do ambiente", concluiu.
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