Esta questão deverá dominar o encontro previsto para terça-feira em Nova Iorque entre o primeiro-ministro grego, Kyriakos Mitsotakis, e o Presidente turco Recep Tayyip Erdogan, à margem da Assembleia Geral das Nações Unidas.

Após um segundo conselho de ministro de emergência em um mês que debateu a questão das migrações no fim de semana, o Governo conservador de Atenas apelou hoje ao prosseguimento dos esforços para retirar os migrantes e refugiados das ilhas gregas e reforçar a presença de guardas costeiros turcos nas fronteiras marítimas com a Turquia, assinalaram diversas ONG e os media gregos.

O executivo da Nova Democracia (ND, direita), já tinha manifestado "profunda inquietação" pelo aumento da chegada de migrantes às ilhas gregas desde finais de agosto e apelou à nova Comissão Europeia para "uma partilha mais justa do fardo".

Entre 01 e 22 de setembro, 3.472 refugiados chegaram a Lesbos (ilha situada a apenas uma dezena de quilómetros das costas turcas), segundo a ONG Aegean Boat Report. Apenas na sexta-feira, segundo a mesma ONG, desembarcaram 439 pessoas, e quando o campo de Morria já se encontra superlotado com cerca de 12.000 migrantes, quatro vezes mais que a sua capacidade avaliada pelo Alto comissariado da ONU (HCR).

No sábado, o Governo grego reiterou a necessidade de continuar a transferir para o continente os migrantes alojados nos centros de registo e de identificação situados nas ilhas do norte do mar Egeu.

De acordo com o HCR, a instância da ONU para os refugiados, 2.510 pessoas foram transferidas para o continente grego entre 02 e 15 de setembro.

"As numerosas chegadas a Lesbos nas últimas semanas aumentaram a pressão sobre um sistema que já conhece limites", reconheceu em Bruxelas Natasha Bertaud, porta-voz da Comissão europeia, citada pela agência noticiosa estatal grega ANA. "Vamos continuar a ajudar financeiramente, administrativamente e de forma operacional as autoridades gregas", acrescentou.

Outras pequenas ilhas do mar Egeu, incluindo Symi onde não está prevista a instalação de qualquer centro de acolhimento, enfrentaram nos últimos dias chegadas inesperadas de embarcações repletas de migrantes. Esta pequena ilha de 2.500 habitantes acolheu 300 refugiados em algumas horas, referiram os media gregos.

No início de setembro, o Presidente Erdogan, cujo país acolhe cerca de quatro milhões de refugiados, ameaçou de novo "abrir as portas" aos migrantes em direção à União Europeia caso não obtenha novas ajudas internacionais no âmbito do "acordo UE-Turquia" estabelecido em março de 2016.

Este acordo destinava-se a reter na Turquia os migrantes e refugiados que pretendiam alcançar território da União Europeias em troca do envio de fundos de milhares de milhões de dólares e de concessões políticas a Ancara.

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