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Rússia "reprime mais" os ativistas dos direitos humanos com Putin

A repressão dos defensores dos direitos humanos na Rússia aumentou desde o regresso de Vladimir Putin à presidência, em 2012, o que tem um impacto devastador no trabalho dos ativistas, conclui a Amnistia Internacional num relatório hoje apresentado.

Rússia "reprime mais" os ativistas dos direitos humanos com Putin
Notícias ao Minuto

13:48 - 17/09/19 por Lusa

Mundo ONG

"Cada dia representa uma nova ameaça para os defensores dos direitos humanos", refere a investigadora Natalia Prilutskaya, da Amnistia Internacional da Rússia, sobre as conclusões do relatório.

O documento - intitulado "Unfair Game: Persecution of Human Rights Defenders in Russia Intensifies" ("Jogo Injusto: Perseguição a Defensores de Direitos Humanos na Rússia Intensifica-se") -- expõe a existência de "um vasto conjunto de decisões" adotadas pelas autoridades russas desde 2012 para "restringir, obstruir ou interromper o trabalho dos defensores dos direitos humanos na Rússia".

Este aumento da repressão dos defensores dos direitos humanos de várias áreas -- desde ativistas políticos, pelos LGBT, pelo ambiente ou pela região da Chechénia - tem tido um "impacto devastador" no trabalho na Rússia, conclui a Amnistia Internacional.

Segundo Natalia Prilutskaya, as represálias aos ativistas passam por "serem espancados por agressores desconhecidos" ou por se tornarem "alvos de acusações ou detenções por crimes que não cometeram".

Além disso, acrescenta a investigadora, os ativistas veem, cada vez mais, as suas contas bancárias congeladas e recebem multas "de valores exorbitantes".

Outros ainda passam a ter "a família na mira da imprensa estatal intrusiva", explica a responsável da Amnistia Internacional.

De acordo com a organização, aqueles que protegem os direitos humanos na Chechénia e os ativistas LGBTI (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais ou Transgéneros) estão entre os maiores alvos das autoridades russas, com "inúmeros ataques cruéis registados".

A Amnistia dá exemplos, como o de Igor Kochetkov, de São Petersburgo, cuja organização Russian LGBT Network expôs crimes contra homossexuais na Chechénia e que recebeu ameaças de morte em janeiro passado através de um vídeo que circulou nas redes sociais.

"Até o momento, não há indicação de que a polícia tenha efetivamente investigado o assunto", aponta a Amnistia.

Um outro exemplo apontado é o de Oyub Titiev, líder do Centro de Direitos Humanos do Memorial da Chechénia"

"Desde que Oyub Titiev foi preso por posse de drogas, uma acusação motivada por questões políticas, o trabalho de defesa dos direitos humanos é quase impossível na Chechénia", considera a organização.

De acordo com a Amnistia, muitos ativistas deixaram de realizar atividades e os poucos que ainda operam fazem-no de locais remotos.

"Estas restrições tiveram um impacto muito forte no resto do Norte do Cáucaso", acrescenta.

Os defensores dos direitos humanos na Rússia sempre enfrentaram assédio, intimidação, ataques físicos e detenções arbitrárias, admite o relatório sobre aquele país.

"Mas nos últimos anos, o nível e extensão destas represálias aumentou significativamente, ao ponto de os ativistas dos direitos humanos arriscarem a sua reputação, a sua liberdade e até a sua vida", aponta o documento.

"As autoridades russas têm de se pronunciar sobre estas violações e garantir que os ativistas são protegidos e podem trabalhar sem medo de serem perseguidos", defende a organização.

"Pedimos às autoridades que acabem com as campanhas de represálias e difamação que se tornaram o seu 'modus operandi' e investiguem, de forma imparcial e eficaz, todos os crimes cometidos contra defensores e ativistas de direitos humanos", pediu Natalia Prilutskaya.

As autoridades devem "revogar as leis excessivamente restritivas, que prejudicam o trabalho das organizações não governamentais (ONG), e cumprir as obrigações internacionais de proteger aqueles que protegem os direitos dos outros", apelou a responsável.

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