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A Tunísia, na origem da Primavera árabe

A Tunísia reivindica um modelo de transição democrática único no mundo árabe desde a revolução de 2011 apesar dos problemas sociais e económicos, e quando os outros países da Primavera árabe resvalaram para o caos, a repressão ou a guerra.

A Tunísia, na origem da Primavera árabe
Notícias ao Minuto

08:36 - 13/09/19 por Lusa

Mundo Tunísia

País do Magreb banhado pelo Mediterrâneo a norte e leste, com 1.300 quilómetros de costas, faz fronteira com Argélia a oeste, com Líbia a sul, e regista 11,5 milhões de habitantes.

+++ Antigo protetorado francês +++

Em março de 1956, este protetorado francês desde 1881 obtém a independência. Um ano depois é proclamada a República com a destituição da dinastia dos Bey. Habib Bourguiba, o "pai da independência", torna-se no primeiro presidente do país.

Doente e idoso, é afastado em 1987, após uma longa deriva autoritária, pelo seu primeiro-ministro ministre Zine El-Abidine Ben Ali, que de seguida é eleito e reeleito em controversas eleições.

+++ Revolução +++

Em 17 de dezembro de 2010, um jovem vendedor ambulante, confrontado com a miséria e as violências policiais, imola-se pelo fogo em Sidi Bouzid (centro-oeste), desencadeando um movimento de protesto contra o desemprego e o elevado custo de vida. As manifestações, assinaladas por violentos tumultos, alastram a todo o país.

Em 14 de janeiro de 2011, o ditador Ben Ali foge para a Arábia Saudita. Diversos países árabes registam uma vaga de contestação popular.

Em outubro, o movimento islamita moderado Ennadha (Movimento do Renascimento), legalizado em março, vence com 37% dos votos o primeiro escrutínio livre da história do país.

Em 2014, a Tunísia adota uma nova Constituição e organiza eleições legislativas, que são ganhas pelo partido anti-islamita Nidaa Tounes, que ultrapassa o Ennadha. Em dezembro, Béji Caid Essebsi é eleito presidente por sufrágio universal. Morre em julho de 2019.

+++ Pioneiro para as mulheres +++

A Tunísia é considerada pioneira na África do Norte e Médio Oriente em termos de direitos das mulheres, após a adoção em 1956 do Código do estatuto pessoal, que concede às tunisinas direitos sem precedentes.

O código aboliu a poligamia, instituiu o divórcio judicial e fixou a idade mínima de casamento em 17 anos para a mulher, "sob reserva do seu consentimento". Abriu ainda caminho à educação, liberdade de escolha do parceiro e ao casamento civil.

A nova Constituição de 2014 introduziu um objetivo de paridade nas assembleias eleitas. Em 2017, o parlamento votou uma lei destinada a combater as violências contra as mulheres.

+++ Atentados mortíferos +++

Em 2015, três atentados provocaram 72 mortos -- em particular turistas e membros das forças de segurança --, no museu do Bardo em Tunes, num hotel de Sousse (centro-leste) e contra um autocarro da guarda presidencial em Tunes. Foram reivindicados pelo grupo 'jihadista' Estado Islâmico (EI).

Em 2016, os 'jihadistas' atacaram instalações dos serviços de segurança em Ben Guerdane (sul), matando 13 membros das forças de segurança e sete civis.

Desde então a segurança registou progressos no país, mas mantém-se o estado de emergência.

+++ Dificuldades financeiras +++

Em 2016, o Fundo Monetário Internacional (FMI) concedeu um empréstimo de 2,4 mil milhões de euros em quatro anos à Tunísia, dependentes da aplicação de vastas reformas.

Após anos de estagnação, o crescimento atingiu 2,5% em 2018, mas segundo o FMI deverá recuar para 2% em 2019, e tem insistido junto de Tunes numa aceleração das reformas.

O país continua a não responder às expectativas sociais, sobretudo nas regiões mais pobres do interior, e em reduzir um persistente desemprego de 15% da população.

A produção de fosfato, um recurso estratégico, foi por diversas vezes condicionada devido aos protestos sociais. O país é um dos principais produtores mundiais de azeite.

O turismo, que registou um forte recuo devido aos atentados, tem recuperado nos dois últimos anos.

+++ Património cultural +++

A Tunísia possui diversos locais classificados como património mundial da Unesco, incluindo as medinas de Tunes e Sousse, ou o complexo arqueológico de Cartago (norte), a cidade que se opôs a Roma na Antiguidade. A cidade de Sidi Bou Said permanece uma das principais atrações do país.

Kairuan, primeiro bastião do islão em África e capital da Tunísia no século VIII, também está classificada.

El Jem, no centro do país, é um dos mais importantes anfiteatros romanos do mundo.

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