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As vítimas de Pinochet: "Sofri choques elétricos, fui pendurada, violada"

Livro publicado conta com relatos chocantes das vítimas da ditadura chilena. Pelo menos 316 mulheres foram violadas. Algumas foram forçadas a ter relações sexuais com familiares.

As vítimas de Pinochet: "Sofri choques elétricos, fui pendurada, violada"
Notícias ao Minuto

09:20 - 12/09/19 por Fábio Nunes

Auto Augusto Pinochet

Assim se Torturou no Chile (1973-1990)’ é o título do livro da autoria do jornalista Daniel Hopenhayn, que reúne os principais relatos das vítimas da ditadura de Augusto Pinochet que depuseram na Comissão Nacional sobre a Prisão Política e Tortura entre 2003 e 2004. Relatos que não poderiam ser mais chocantes e que ajudam a ter uma ideia da dimensão dos horrores sofridos durante o regime de Pinochet.

Do total de vítimas que depuseram nesta comissão, 12,5% eram mulheres (3.399). A grande maioria destas mulheres foram torturadas e violadas pelas autoridades chilenas. Os números conhecidos apontam para pelo menos 316 mulheres violadas, 11 das quais estavam grávidas.

“A violência contra as mulheres foi furiosa, desequilibrada. Há cenas simplesmente inexplicáveis, que transbordam a nossa imaginação sobre a condição humana”, afirmou o jornalista em declarações ao El País.

Muitos dos relatos que constam do livro detalham os pormenores da tortura e das violações sofridas. Uma das vítimas, uma mulher detida em 1974 e que esteve presa durante dois anos apesar de não ter sido acusada de nada, contou que ficou grávida depois de ser violada e que abortou na cadeia.

“Sofri choques elétricos, fui pendurada, posta no pau de arara (um método de tortura em que a vítima tem os membros amarrados, está apoiada numa barra de ferro e fica de cabeça para baixo), fizeram simulação de fuzilamento, sofri queimaduras com charutos. Obrigaram-me a tomar drogas, fui violada e sofri assédio sexual com cães, introduziram-me ratos vivos pela vagina e em todo o corpo”, relatou a mulher.

Mas a tortura e as violações sofridas não se ficaram por aqui. “Obrigaram-me a ter relações sexuais com o meu pai e o meu irmão que estavam detidos. Também fui obrigada a ver e a ouvir o meu pai e irmão a serem torturados (…) Eu tinha 25 anos”, disse.

Em muitos casos, as violações aconteciam em frente a familiares, uma forma de fazê-los falar. Para muitas destas vítimas, a vida mudou de forma inalterável. Uma das vítimas que tinha 14 anos em 1973 contou no seu depoimento que foi forçada a fazer sexo oral a três militares. “Não sei quem eram porque estavam encapuzados. Só sei que a minha vida nunca voltará a ser como antes”, declarou.

O autor do livro explicou que decidiu publicar os relatos passados 15 anos por ser “um bom momento para divulgar num formato mais acessível as passagens que mais importa proteger, não só do esquecimento mas inclusivamente da inércia de uma memória oficial”.

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