Iémen: ONG apelam à França para terminar com venda de armas
O Governo francês voltou a ser hoje pressionado por 17 ONG para suspender imediatamente todas as vendas de armas à Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos, numa reação também relacionada com o recente relatório da ONU sobre o Iémen.
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Mundo Iémen
Em comunicado, estas organizações não-governamentais (ONG) de defesa dos direitos humanos "reiteram o seu apelo na sequência de dois importantes acontecimentos registados esta semana".
"A morte no domingo de mais de 100 detidos num raide aéreo" em Dhamar, oeste do Iémen [perpetrado pela Arábia Saudita], e "a publicação na terça-feira do relatório do grupo de eminentes peritos da ONU sobre o Iémen demonstraram de novo a amplitude e a violência dos ataques contra as populações civis no Iémen e a urgente necessidade de países como a França deixarem de alimentar com armas este conflito", assinala o texto.
Este grupo de peritos designado em 2017 pelo Conselho dos direitos humanos das Nações Unidas fustigou na terça-feira num extenso relatório uma "multitude de crimes de guerra" cometidos no Iémen, onde uma coligação militar hegemonizada pela Arábia Saudita intervém desde 2015 em apoio às forças pró-governamentais contra os rebeldes "Houthis".
Os peritos da ONU também exortaram a comunidade internacional para não fornecer armas suscetíveis de serem utilizadas no conflito, advertindo que "permanece discutível a legalidade das transferências de armas pela França, Reino Unido, Estados Unidos e outros Estados".
Em junho, Londres anunciou a suspensão de todas as vendas de armas à Arábia Saudita que possam ser utilizadas no Iémen, após o Tribunal de apelo de ter decretado a sua ilegalidade.
As organizações signatárias, onde se incluem a Federação internacional dos direitos humanos (FIDH), os Médicos do Mundo, a Yemen Solidarity Network e Norwegian Refugee Council, "apelam vigorosamente ao Governo francês que siga" o exemplo britânico.
"Para garantir credibilidade nos seus esforços para pôr termo aos sofrimentos do povo iemenita, a França deve imperativamente terminar com qualquer suspeita de cumplicidade com crimes de guerra e deixe de alimentar o conflito com armas", acrescentam as 17 ONG.
Terceiro exportador de armamento a nível mundial a seguir aos Estados Unidos e a Rússia, a França é regularmente questionada, em particular por ONG e deputados, pelas suas vendas de armas à Arábia Saudita e Emirados, envolvidos no conflito que desde 2014 assola o Iémen.
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