Meteorologia

  • 23 ABRIL 2024
Tempo
13º
MIN 13º MÁX 24º

Francisco regressa a um continente que preocupa a igreja

O Papa Francisco inicia na próxima semana a sua quarta visita apostólica ao continente africano desde que foi eleito líder da Igreja Católica, em 2015, voltando a um continente palco de muitos conflitos.

Francisco regressa a um continente que preocupa a igreja
Notícias ao Minuto

09:32 - 01/09/19 por Lusa

Mundo Papa

Cinco meses depois de ter estado em Marrocos, nos dias 30 e 31 de março, o líderda Igreja Católica inicia a sua 31.ª visita apostólica fora de Itália, num périplo de dez dias em que passará por Moçambique, Madagáscar e Ilhas Maurícias.

O Papa chega a uma África que enfrenta várias crises: doenças infeciosas, guerras civis, golpes de Estado, ataques por milícias e grupos 'jihadistas' armados, efeitos das alterações climáticas e outros, que contribuem para a desestabilização do continente.

O líder religioso tem acompanhado a situação com atenção, emitindo mensagens e comentado os principais acontecimentos de uma África que é cada vez mais estratégica na política internacional.

Um dos gestos mais simbólicos de Francisco aconteceu durante a visita do Presidente do Sudão do Sul, Salva Kiir, e do principal líder rebelde, Riek Machar, ao Vaticano, em abril deste ano.

Durante a visita dos dois responsáveis que conduziram uma guerra civil entre 2013 e 2019, o Papa colocou-se de joelhos e beijou os pés calçados dos dois líderes sul-sudaneses, pedindo que estes respeitassem o acordo de paz e que formassem um Governo conjunto.

"Estou-vos a pedir como irmão para permanecerem em paz. Estou-vos a pedir do coração, vamos caminhar em frente. Haverá muitos problemas, mas não nos vencerão. Resolvam os vossos problemas", afirmou então Francisco.

O Sudão do Sul, com maioria de população cristã, obteve a sua independência ao separar-se do Norte árabe e muçulmano em 2011. No entanto, a partir do final de 2013, o país entrou num conflito civil, provocado pela rivalidade entre o Presidente, Salva Kiir, e o seu então vice-presidente, Riek Machar.

O conflito anglófono nos Camarões tem também estado presente na agenda do Papa, que se reuniu por várias vezes com o Presidente camaronês, Paul Biya, tendo enviado, em fevereiro de 2019, um representante até à capital, Abuja, para debater este ponto.

Em abril do mesmo ano, na tradicional mensagem de Páscoa "urbi et Orbi", o líder da Igreja Católica endereçou o conflito nas regiões Sudoeste e Noroeste dos Camarões.

A epidemia de Ébola que teve início na República Democrática do Congo (RDCongo) durante o ano passado tem também sido abordada pelo Papa.

"Rezemos juntos por todos aqueles que na República Democrática do Congo sofrem por causa da violência e do Ébola", disse na sua mensagem Angelus no final de 2018, acrescentando: "Faço votos que todos se esforcem para manter um clima pacífico que permita um regulador e pacífico desenvolvimento das eleições".

Na mesma oração, o Sumo Pontífice pediu um clima pacífico para as eleições presidenciais que viriam a colocar Félix Tshisekedi na Presidência do país, substituindo Joseph Kabila, naquela que foi a primeira transição de poder pacífica em cinquenta anos.

Um outro conflito que o Papa argentino tentou amenizar encontra-se na República Centro-Africana (RCA), tendo instado, em março deste ano, o Presidente do país, Faustin Archange Touadera, a prosseguir o processo de reconciliação no país, entre Governo e grupos rebeldes armados.

A RCA caiu no caos e na violência em 2013, depois do derrube do ex-Presidente François Bozizé por grupos armados juntos na Séléka, o que suscitou a oposição de outras milícias, agrupadas sob a designação anti-Balaka.

O acordo de paz foi assinado em Cartum, capital do Sudão, no início de fevereiro pelo Governo da RCA e por 14 grupos armados. Um mês mais tarde, as partes entenderam-se sobre um governo inclusivo, no âmbito do processo de paz.

Em maio de 2014, ainda antes de cumprir um ano na Basílica de São Pedro, Francisco uniu-se à campanha internacional pela libertação de mais de cem jovens raptadas na Nigéria, por um sequestro reivindicado pelo grupo 'jihadista' Boko Haram.

O Papa Francisco visita África pela quarta vez, depois de passagens por Quénia, Uganda e RCA, em novembro de 2015, Egito, em abril de 2017, e Marrocos em março deste ano.

Numa entrevista à Vatican News, o cardeal Pietro Parolin, número dois do Vaticano, destacou que "a insistência no tema da paz" é uma das principais componentes da visita aa Moçambique, Madagáscar e Ilhas Maurícias tem três componentes: "a insistência no tema da paz", "o tema da

O cardeal assinalou ainda o acordo de paz celebrado em Moçambique, que considera ter sido "uma nova página na sociedade" e considerou que a Igreja "sofreu muito".

Segundo Parolin, o Papa Francisco vai a Moçambique "precisamente para sublinhar a importância de um diálogo e geral" e afirmou que através de colaborações e de diálogo mútuo, é possível atingir uma "nova mentalidade".

Jorge Mario Bergoglio, atualmente com 82 anos, foi eleito pelo Conclave de 2013 para substituir Bento XVI, que renunciou ao cargo por "já não ter forças", escolhendo o nome de Francisco numa referência a Francisco de Assis.

Recomendados para si

;
Campo obrigatório