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Portugal foi dos poucos que sempre apoiou independência de Timor-Leste

O presidente do parlamento timorense disse hoje que Portugal foi dos poucos países que sempre apoiou Timor-Leste, considerado por outros "um país inconveniente", na caminhada difícil pela independência, concretizada com o referendo de há 20 anos.

Portugal foi dos poucos que sempre apoiou independência de Timor-Leste
Notícias ao Minuto

06:46 - 30/08/19 por Lusa

Mundo Timor-Leste

"Fomos durante muitos anos e, em especial na região, um país inconveniente. Foram muito poucos aqueles que acreditaram, e que, lutaram connosco, pela autodeterminação do nosso povo", disse Arão Noé Amaral.

"No dia que hoje celebramos temos, obrigatoriamente, que falar de Portugal e dos portugueses. Esse povo antigo e resiliente que, ao longo da sua história, com audácia no momento certo, sempre soube inventar o seu destino", afirmou.

Arão Noé Amaral falava na sessão solene do Parlamento Nacional, por ocasião do 20.º aniversário do referendo em que os timorenses escolheram a independência e que conta, entre outros, com a presença do presidente da Assembleia da República portuguesa, Eduardo Ferro Rodrigues.

Se em 1999 o mundo estava com os timorenses, isso nem sempre ocorreu, com os timorenses a trilharem durante muito tempo "uma caminhada solitária em que poucos se juntaram", mas onde estiveram alguns "fortes nas suas convicções e imunes à pressão económica e aos interesses políticos" do momento, disse.

"Na altura em que ninguém acreditava, a diplomacia portuguesa, invocando o seu direito de potência administrante, insistia em todos os lugares possíveis, levantando, pacientemente, a questão de Timor-Leste ao mais alto nível", afirmou.

"Foram muitos os políticos portugueses que tiveram uma ação ímpar e insubstituível, citar apenas alguns era esquecer muitos, pelo que agradeço a toda uma nação e ao Povo irmão de Portugal", acrescentou.

Um apoio que se alargou aos restantes países lusófonos, com a lusofonia a abrir as portas a Timor-Leste, mesmo antes da independência, disse.

O primeiro-ministro timorense, Taur Matan Ruak, o representante especial do secretário-geral da ONU, Ian Martin, o primeiro-ministro do Vanuatu, Charlot Salwai, o presidente do Tribunal de Recurso, Deolindo dos Santos, e outras individualidades nacionais e internacionais participam na sessão solene.

Uma ocasião para "reflexão conjunta sobre o passado e para projetar o futuro", recordando "o poder da esperança" e a "enorme lição de coragem e da vontade inalienável de liberdade demonstrada pelo povo timorense" quanto votou pela liberdade em 1999.

O culminar de uma luta que começou em 1975 e que "moldou, de forma permanente, a identidade" do povo de timorense, com muitos a falarem hoje de processo de sucesso, ainda que "deliberadamente ignorado" durante muito tempo.

Arão Amaral referiu-se ainda aos muitos cidadãos na Indonésia que "também lutavam por uma democracia, por um país mais justo e pela oportunidade de se exprimirem livremente e, sobretudo, pelo fim do regime de Suharto".

"Acreditamos na reconciliação e no enorme poder regenerador do perdão. Não esquecemos o que se passou -- lembramo-nos bem - mas prefiro falar do presente e do futuro e de um país vizinho que tem estado sempre ao nosso lado e contribuído, com franca amizade, para o desenvolvimento de Timor-Leste", afirmou.

Menção também para as Nações Unidas hoje liderada por António Guterres, cujo papel enquanto primeiro-ministro "foi determinante para que o referendo acontecesse".

E uma homenagem aos funcionários timorenses e estrangeiros que integraram a missão liderada por Ian Martin, que estiveram ao lado dos timorenses nos momentos mais negros.

"A sua dedicação, coragem e resistência não serão apagadas da nossa memória", disse, recordando depois o papel da força internacional INTERFET, liderada por Peter Cosgrove, e a administração transitória UNTAET, liderada por Sérgio Vieira de Mello.

No discurso que encerrou a sessão solene, Arão Amaral recordou ainda alguns dos líderes locais, figuras como Nicolau Lobato e Xanana Gusmão os que trabalharam nas três frentes (armada, clandestina e diplomática) numa "luta épica pela liberdade" do país.

"Importa exaltar o histórico papel das FALINTIL que ao longo dos 24 anos de ocupação mantiveram acesa a chama da esperança, permitindo alimentar o sonho da independência", disse, recordando o "papel incontornável da Igreja Católica no apoio" aos timorenses.

O presidente do parlamento quis ainda homenagear "todos os timorenses e a todos que sonharam e que acreditaram que, contra todo o tipo de interesses, era possível viver em paz, em liberdade e escolher o destino" do país.

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