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Alemanha critica França por ligar acordo com Mercosul aos incêndios

O porta-voz do Governo alemão considerou hoje que ligar o acordo entre a União Europeia e o Mercosul e os incêndios na Amazónia não é a maneira correta de encarar a questão, criticando assim a decisão do Presidente francês.

Alemanha critica França por ligar acordo com Mercosul aos incêndios
Notícias ao Minuto

20:52 - 23/08/19 por Lusa

Mundo Amazónia

"Não é a resposta adequada", disse o porta-voz da chanceler alemã, acrescentando que "a não conclusão do acordo do Mercosul não contribuiria para reduzir a desflorestação das florestas tropicais no Brasil".

As declarações surgem no mesmo dia em que o Presidente francês, Emmanuel Macron, se opôs à conclusão do acordo entre os dois blocos económicos devido às divergências sobre a atuação do Presidente brasileiro relativamente aos compromissos ambientais.

"Este acordo é um sinal forte a favor do comércio baseado em regras e contra o protecionismo, permitindo um comércio mundial aberto e justo, com altos padrões ambientais e sociais, que são essenciais para o governo alemão", concluiu o porta-voz.

O Presidente de França, Emmanuel Macron, acusou hoje o seu homólogo brasileiro, Jair Bolsonaro, de mentir em matéria de compromissos ambientais e anunciou que, nestas condições, a França vai votar contra o acordo de comércio livre UE-Mercosul.

"Tendo em conta a atitude do Brasil nas últimas semanas, o Presidente da República não pode senão constatar que o Presidente Bolsonaro lhe mentiu na Cimeira de Osaka", afirmou a Presidência francesa, referindo-se à Cimeira do G20 que se realizou no final de junho.

"O Presidente Bolsonaro decidiu não respeitar os compromissos ambientais e não se empenhar em matéria de biodiversidade. Nestas condições, a França opõe-se ao acordo com o Mercosul tal como está", acrescentou.

Emmanuel Macron manifestou na quinta-feira preocupação com os fogos florestais que estão a devastar a Amazónia, a maior floresta tropical do planeta, evocando uma "crise internacional" e pedindo aos países industrializados do G7 "para falarem desta emergência" na cimeira que os reúne este fim de semana em Biarritz (sudoeste de França).

Jair Bolsonaro respondeu acusando o homólogo francês de ter "uma mentalidade colonialista descabida" ao "instrumentalizar" o assunto propondo que "assuntos amazónicos sejam discutidos no G7, sem a participação dos países da região".

O acordo de livre comércio entre a União Europeia (UE) e o Mercado Comum do Sul (Mercosul), integrado pelo Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai, foi fechado a 28 de junho, depois de 20 anos de negociações.

O pacto abrange um universo de 740 milhões de consumidores, que representam um quarto da riqueza mundial.

A Irlanda ameaçou também hoje votar contra o acordo comercial se o Brasil não tomar medidas para proteger a floresta amazónica.

"Não há qualquer forma de a Irlanda votar a favor do acordo de comércio livre entre a UE e o Mercosul se o Brasil não respeitar os seus compromissos ambientais", afirmou o primeiro-ministro irlandês, Leo Varadkar.

"Estou muito preocupado com os níveis recorde de destruição pelo fogo da floresta amazónica este ano", acrescentou, numa nota à agência France-Presse.

Numa entrevista à agência EFE hoje divulgada, o embaixador da UE em Brasília, Ignácio Ybáñez, destacou o empenho do Brasil na aplicação do acordo, mas recordou a Bolsonaro a "aposta clara" do acordo no cumprimento do acordo de Paris sobre alterações climáticas.

Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) brasileiro, os incêndios no Brasil aumentaram 83% este ano, em comparação com o período homólogo de 2018, com 72.953 focos registados até 19 de agosto, sendo a Amazónia a região mais afetada.

A Amazónia é a maior floresta tropical do mundo, cerca de 5,5 milhões de quilómetros quadrados, e possui a maior biodiversidade registada numa área do planeta.

Segundo o INPE, a desflorestação da Amazónia aumentou 278% em julho, em relação ao mesmo mês de 2018.

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