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Socialistas italianos abertos a aliança com Movimento 5 Estrelas

O Partido Democrático italiano (PD, centro-esquerda) declarou-se hoje aberto a conversações para formar uma maioria com o Movimento 5 Estrelas (M5S, antissistema), mas definiu cinco condições, entre as quais uma alteração profunda da política de imigração.

Socialistas italianos abertos a aliança com Movimento 5 Estrelas
Notícias ao Minuto

15:37 - 21/08/19 por Lusa

Mundo Itália

Na sequência do fim do governo de coligação do M5S com a Liga (extrema-direita) de Matteo Salvini e da demissão do primeiro-ministro, Giuseppe Conte, o PD, principal partido de esquerda em Itália, aprovou hoje por unanimidade propor ao Presidente, Sergio Mattarella, "constituir um governo de mudança" com o M5S.

"Hoje demos um grande passo, uma vez que todo o PD se uniu em torno desta decisão", disse à imprensa o líder do PD, Nicola Zingaretti, após uma reunião da direção.

"Não se trata de fazer pequenos acordos por baixo da mesa", acrescentou, as negociações vão realizar-se "à luz do dia".

O PD quer chegar a um entendimento com o M5S sobre "um programa realizável e partilhado por uma ampla maioria parlamentar" que permita evitar que Itália vá para eleições antecipadas.

Na intervenção que fez na reunião, reproduzida pela imprensa italiana, Zingaretti enumerou cinco condições do PD para um acordo com o M5S.

"A pertença leal à Europa, o pleno reconhecimento da democracia representativa e da centralidade do parlamento, o desenvolvimento assente no respeito pelo ambiente, a mudança de rumo na gestão dos fluxos migratórios com um papel preponderante da Europa e uma viragem na política económica e social no sentido de uma maior redistribuição e de mais investimento".

Depois das críticas que Zingaretti tem feito à gestão do primeiro-ministro cessante, que considera ter feito concessões ao endurecimento da política anti-imigração de Salvini e ser corresponsável pelos erros cometidos na "economia, emprego, crescimento e desenvolvimento", o PD deverá opor-se a uma recondução de Giuseppe Conte, que é próximo do M5S.

Uma possível aliança entre o PD e o M5S foi inicialmente avançada pelo antigo líder e ex-primeiro-ministro socialista Matteo Renzi, suscitando receios de uma cisão interna no PD, mas Renzi assegurou na semana passada que qualquer pacto seria "decidido pelas respetivas direções nacionais".

Na terça-feira, quando interveio no debate no Senado após o anúncio de demissão de Conte, Renzi afirmou por outro lado que não pretende participar num eventual governo de coligação entre o PD e o M5S.

À saída da reunião de hoje, um dos mais destacados dirigentes do partido, o deputado Graziano Delrio, congratulou-se com a unidade do partido em torno do líder: "Confiança total no nosso secretário-geral, fica claro que o país precisa de um governo forte e sério".

Sobre as condições definidas pelos socialistas, Delrio afirmou que "sem isto, não vale a pena conversar".

"Será melhor então ir para eleições, não devemos ter medo", disse.

Para a antiga ministra Maria Elena Boschi, próxima de Renzi, "em poucos dias o cenário mudou completamente" em Itália: "Há apenas uma semana, Salvini parecia invencível. Hoje está fora de jogo".

Nas últimas eleições legislativas, realizadas em 2018, o PD teve 19% dos votos e o M5S 32%, o que significa que, a chegarem a acordo, dispõem de maioria.

A Liga de Salvini foi o partido mais votado nas eleições europeias de maio, com 34%, mas no atual parlamento conta apenas com os 17% que obteve nas legislativas de 2018.

O Presidente italiano inicia hoje consultas para determinar se existe uma maioria alternativa no parlamento ou se convoca eleições antecipadas.

Antes de se reunir com os grupos parlamentares, Mattarella deverá consultar o seu antecessor, Giorgio Napolitano, e os presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado.

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