Macri vai ouvir experiência política de ex-presidente brasileiro
O presidente argentino, Mauricio Macri, receberá hoje na residência oficial o ex-presidente brasileiro Fernando Henrique Cardoso de quem receberá conselhos políticos e eleitorais, numa altura em que o país vive uma crise política.
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Mundo Crise política
De acordo com analistas contactados pela Lusa, o exemplo brasileiro de 2002 é apontado como uma possível solução para a situação argentina.
Como poucas vezes antes, desde que deixou o cargo de presidente em 2002, após dois mandatos consecutivos, o nome de Fernando Henrique Cardoso tem sido ouvido tanto na Argentina como agora.
O ex-presidente tem surgido como um exemplo a seguir desde que os argentinos deram a vitória do candidato opositor Alberto Fernández sobre Mauricio Macri, nas eleições primárias que funcionaram como uma primeira volta virtual.
Com o resultado, surgiu uma inédita anomalia política no país. De um lado, um presidente formal, mas enfraquecido, e do outro, um candidato com poder, mas que ainda não foi eleito.
"Macri está num governo fraco que está a acabar enquanto Fernández está num governo de expectativa, mas que gera dúvidas", comparou o diretor do Centro de Estudos União para a Nova Maioria, Rosendo Fraga.
Rosendo Fraga lidera uma lista de analistas políticos que apontam o exemplo de Fernando Henrique Cardoso.
"O antecedente é o do Brasil em 2002, quando o então presidente Fernando Henrique Cardoso convocou o então candidato opositor Lula da Sila, figura que gerava pânico nos mercados. Chegaram a um acordo de continuidade da política económica e de compromisso com as obrigações externas, o que acalmou os mercados e permitiu uma transição ordenada", relembra Rosendo Fraga.
Os analistas argentinos referem-se à "Carta ao povo brasileiro" de junho de 2002, antes das eleições de outubro daquele ano que consagrariam Lula da Silva como presidente.
Fernando Henrique Cardoso deverá discutir a sua experiência com o presidente Mauricio Macri na reunião que os dois terão hoje na residência presidencial argentina.
O encontro é uma cortesia entre dos líderes em sintonia, mas nada impede que o ex-presidente brasileiro também conte a sua experiência quando evitou a vitória de Lula da Silva nas eleições de 1994 e 1998.
Fernando Henrique Cardoso já revelou que prefere a vitória de Maurício Macri, porque "tem noção de como são as coisas" e não quer "um retorno do populismo na Argentina".
As eleições primárias argentinas de dia 11 funcionaram como uma virtual primeira volta, projetando o que pode acontecer em 27 de outubro.
Num país onde um presidente é eleito com 45% dos votos, o candidato de Cristina Kirchner, Alberto Fernández, obteve 47% dos votos, com uma inesperada diferença de 15 pontos sobre Macri, considerada praticamente irreversível.
O retorno de Cristina Kirchner ao poder, agora como vice-presidente, causou agitação nos mercados, tendo o peso argentino desvalorizado em 29%. O valor das maiores empresas argentinas passou para metade. Os mercados consideram um iminente risco de 'default' da dívida pública argentina.
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