Exército em Hong Kong "não será repetição" de massacre em Tiananmen
Um jornal oficial do Partido Comunista Chinês afirmou hoje que se o exército intervier em Hong Kong não se vai repetir o massacre de Tiananmen, há 30 anos.
© Reuters
Mundo China
Em editorial, o Global Times, jornal em inglês do grupo do Diário do Povo, o órgão central do Partido Comunista, advertiu que "Pequim não decidiu ainda intervir pela força para reprimir os protestos em Hong Kong, mas esta opção está claramente em cima da mesa".
O jornal referiu-se à concentração de forças da polícia militar em Shenzhen, cidade adjacente a Hong Kong, como uma "clara advertência" aos manifestantes.
Mesmo que Pequim venha a decidir enviar o exército para reprimir as manifestações "o incidente em Hong Kong não será uma repetição do incidente político de 04 de junho de 1989", acrescentou o Global Times, ao lembrar que a China "cresceu muito" e aprendeu a lidar com "situações complexas".
As autoridades chinesas não divulgaram qualquer balanço oficial da repressão sangrenta pelo exército chinês do movimento pró-democracia em Tiananmen, no centro de Pequim, em 04 de junho de 1989. Observadores estimaram o número de vítimas mortais entre várias centenas e mais de um milhar.
Se "Hong Kong não conseguir restaurar o Estado de Direito e as revoltas crescerem, é essencial que o Governo central tome medidas diretas, de acordo com a Lei Básica [a miniconstituição de Hong Kong]", acrescentou.
A lei de Hong Kong prevê que o Executivo da região semiautónoma possa pedir ao exército chinês, estacionado em vários quartéis da cidade, para "ajudar a manter a ordem pública".
O editorial atacou também as posiçoes assumidas por vários líderes dos Estados Unidos a favor dos manifestantes de Hong Kong.
"Os políticos norte-americanos estão a apontar descaradamente o dedo à China. É óbvio que não são capazes de entender a era em que vivem", considerou.
"Washington não pode intimidar a China com a revolta de há 30 anos", acrescentou o jornal. A menção ao massacre de Tiananmen não é habitual entre os meios de comunicação oficiais do regime comunista.
Já na opinião do artista e ativista Ai Weiwei, radicado na Alemanha, uma violenta repressão é o único fim possível para as manifestações na região administrativa especial chinesa, dada a natureza autoritária do regime comunista.
"Nenhuma previsão é exagerada", disse à agência de notícias France-Presse (AFP).
"Eles não sabem negociar ou debater: é a natureza autoritária do regime, não sabem como fazê-lo, só podem recorrer à polícia e ao exército", garantiu o artista, caído em desgraça, no início de 2010, devido às obras críticas do regime.
Hong Kong vive um clima de contestação social, desde o início de junho, desencadeado pela apresentação de uma proposta de alteração à lei da extradição, que permitiria ao Governo e aos tribunais da região administrativa especial a extradição de suspeitos de crimes para jurisdições sem acordos prévios, como é o caso da China continental.
A proposta foi, entretanto, suspensa, mas as manifestações generalizaram-se e denunciam agora aquilo que os manifestantes afirmam ser uma "erosão das liberdades" na antiga colónia britânica, enquanto pedem a demissão da chefe do Executivo, Carrie Lam, a retirada definitiva da emenda à lei, um inquérito independente à intervenção policial, a libertação dos detidos nos protestos e que estas ações não sejam consideradas motins.
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