Papa critica nacionalismos um dia depois de Salvini abrir crise em Itália
O papa Francisco criticou hoje o nacionalismo, considerando tratar-se de uma atitude isolacionismo que leva a guerras, numa entrevista publicada um dia depois de o líder da extrema-direita ter desencadeado uma crise política no país.
© Reuters
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"O nacionalismo é uma atitude de isolamento. Isso preocupa-me porque ouvem-se discursos que lembram os de Hitler em 1934: 'Nós primeiro... nós... nós", afirmou Francisco numa entrevista hoje publicada pelo jornal La Stampa, sem nomear qualquer país ou político em particular.
O homem forte do Governo italiano, Matteo Salvini, que lidera o partido Liga, abandonou na quinta-feira a coligação com o Movimento Cinco Estrelas (M5S, antissistema), que estava no poder desde o ano passado, provocando uma crise política no país.
Hoje, o partido anunciou que vai apresentar uma moção de censura ao primeiro-ministro, Giuseppe Conte, a quem apoiou até agora no âmbito da coligação com o Movimento Cinco Estrelas (M5S).
Salvini, que se diz amigo do dirigente húngaro Viktor Orban e da líder da extrema-direita francesa, Marine Le Pen, reivindica pertencer a uma "frente nacionalista" que tem como objetivo "perseguir os oligarcas europeus".
"Um país deve ser soberano, mas não fechado; a soberania deve ser defendida, mas as relações com outros países, com a Comunidade Europeia, também devem ser defendidas. O nacionalismo é um exagero que acaba sempre mal: leva a guerras", acrescentou o papa.
Questionado sobre "o populismo", Francisco considerou que se trata "do mesmo discurso".
"Os populismos levam-nos aos nacionalismos: o sufixo 'ismo' nunca é bom", referiu.
Para Francisco, a Europa, que representa "a unidade", não deve ser dissolvida".
A Europa "enfraqueceu ao longo dos anos, também por causa de alguns governos e por discordâncias internas, mas é preciso salvá-la. Depois das eleições, espero que haja um processo de recuperação", considerou o papa, saudando a nomeação de uma mulher para chefiar a Comissão Europeia, a alemã Ursula von der Leyen.
O papa evoca com frequência o perigo do surgimento de partidos populistas anti-imigração, sem nunca nomear países ou líderes envolvidos.
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