Guterres apela à contenção nas decisões sobre estatuto de Caxemira
O secretário-geral da ONU, António Guterres, apelou aos dirigentes da Índia e do Paquistão para que se contenham na tomada de decisões que possam afetar o estatuto da Caxemira.
© Reuters
Mundo Caxemira
O porta-voz da ONU, Stephane Dujarric, afirmou hoje aos jornalistas que "a posição na ONU nesta região é regida pela Carta das Nações Unidas e pelas resoluções aplicáveis do Conselho de Segurança".
Dujarric reiterou esta posição quando inquirido sobre se Guterres apoia o apelo do Conselho de Segurança para um plebiscito sobre o futuro da região.
Adiantou que Guterres também invocou o acordo de Simla, de 1972, sobre as relações bilaterais indo-paquistanesas "que estipula que o estatuto final de Jammu e Caxemira deve ser determinado por meios pacíficos, conforme a Carta das Nações Unidas".
Adiantou que o secretário-geral "também está preocupado com relatos de restrições na parte indiana da Caxemira, que pode exacerbar a situação dos direitos humanos na região" e reiterou o seu apelo à "contenção máxima".
O primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, afirmou que a despromoção do estatuto da Caxemira administrada pela Índia, de Estado para território sob controlo federal, vai ajudar a acabar décadas de terrorismo e separatismo que acusou o Paquistão de incitar.
O Governo indiano anunciou na segunda-feira a revogação do estatuto especial que conferia autonomia constitucional de Caxemira, único Estado indiano de maioria muçulmana.
O Paquistão, que já travou três guerras contra a Índia, duas das quais por causa de Caxemira, considerou ilegal a decisão e, na quarta-feira, expulsou o embaixador indiano e pôs fim ao comércio bilateral.
Hoje, a chefe da diplomacia europeia, Federica Mogherini, esteve em contacto, via telefone, com os seus homólogos da Índia e do Paquistão, defendendo "uma solução política bilateral".
Os habitantes da Caxemira indiana vivem desde domingo totalmente isolados do mundo, com os meios de comunicação bloqueados e as deslocações e reuniões proibidas.
Caxemira é dividida entre a Índia e o Paquistão, duas potências nucleares que já travaram duas guerras pelo domínio daquele Estado.
Os dois países disputam a região montanhosa na totalidade, desde a partição subcontinente, em 1947, no final da época colonial britânica.
Diferentes grupos separatistas combatem, há várias décadas, a presença de cerca de 500 mil soldados indianos na região, para exigir a independência do território ou a integração no Paquistão.
Dezenas de milhares de pessoas, na grande maioria civis, morreram no conflito.
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