ACNUR saúda encerramento de centros de detenção na Líbia
A ONU saudou hoje a decisão das autoridades líbias de encerrar três centros de detenção de migrantes, reclamando, no entanto, mais progressos que conduzam "a uma libertação ordenada de todos os refugiados atualmente detidos".
© Reuters
Mundo Migrações
"Saudamos a iniciativa de encerrar estes centros, incluindo o centro de Tajoura, atacado durante um bombardeamento no início de julho que matou mais de 50 pessoas", referiu, numa conferência de imprensa em Genebra (Suíça), o porta-voz do Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (ACNUR), Andrej Mahecic.
A 3 de julho, um ataque aéreo atingiu o centro de Tajoura, nos arredores da capital líbia (Tripoli), matando 53 pessoas e ferindo outras 135.
O ataque gerou então a condenação internacional e o enviado especial da ONU para a Líbia, Ghassan Salame, chegou a declarar que o bombardeamento poderia constituir um "crime de guerra".
O encerramento dos três centros -- Tajoura, Al Khoms (também nos arredores de Tripoli) e Misrata -- foi ordenado na quinta-feira pelo ministro do Interior do governo de acordo nacional líbio (reconhecido pela ONU), Fathi Bashagha.
Na conferência de imprensa em Genebra, Andrej Mahecic frisou que o ACNUR "há muito que pede o encerramento dos centros de detenção para migrantes e refugiados na Líbia", acrescentando que a agência da ONU defende, seja na Líbia ou em outros países, que existem outras alternativas à detenção, especialmente quando se tratam de migrantes menores.
Após o encerramento destes três centros, o porta-voz afirmou que o ACNUR pede agora "a transferência dos refugiados ainda detidos em centros para zonas urbanas", expressando a disponibilidade da agência da ONU "para oferecer assistência financeira, médica e psicológica" a estas pessoas.
Andrej Mahecic lembrou que ainda existem na Líbia pelo menos 19 centros de detenção reconhecidos pelas autoridades líbias, locais que mantêm cerca de 5.000 refugiados e migrantes detidos de forma arbitrária e em condições que a ONU e organizações de defesa de direitos humanos classificam como desumanas.
A Líbia tornou-se nos últimos anos uma placa giratória para centenas de milhares de migrantes, a maioria oriunda de países africanos, que tentam alcançar a Europa através do Mediterrâneo.
Durante a travessia, muitos destes migrantes são apanhados pela guarda costeira líbia, apoiada pela União Europeia (UE), enquanto outros são resgatados por embarcações de organizações não-governamentais (ONG).
O país, imerso num caos político e securitário desde a queda do regime de Muammar Kadhafi em 2011 e devido a divisões e lutas internas de influência entre milícias e tribos, tem sido um terreno fértil para as redes de tráfico ilegal de migrantes e de situações de sequestro, tortura e violações em centros de detenção sobrelotados e precários.
A situação tornou-se ainda mais crítica desde o início da ofensiva militar das forças do marechal Khalifa Haftar, o homem forte do leste da Líbia que avançou em abril contra Tripoli, a sede do governo de acordo nacional líbio estabelecido em 2015 e reconhecido pela ONU.
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