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ACNUR saúda encerramento de centros de detenção na Líbia

A ONU saudou hoje a decisão das autoridades líbias de encerrar três centros de detenção de migrantes, reclamando, no entanto, mais progressos que conduzam "a uma libertação ordenada de todos os refugiados atualmente detidos".

ACNUR saúda encerramento de centros de detenção na Líbia
Notícias ao Minuto

22:46 - 02/08/19 por Lusa

Mundo Migrações

"Saudamos a iniciativa de encerrar estes centros, incluindo o centro de Tajoura, atacado durante um bombardeamento no início de julho que matou mais de 50 pessoas", referiu, numa conferência de imprensa em Genebra (Suíça), o porta-voz do Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (ACNUR), Andrej Mahecic.

A 3 de julho, um ataque aéreo atingiu o centro de Tajoura, nos arredores da capital líbia (Tripoli), matando 53 pessoas e ferindo outras 135.

O ataque gerou então a condenação internacional e o enviado especial da ONU para a Líbia, Ghassan Salame, chegou a declarar que o bombardeamento poderia constituir um "crime de guerra".

O encerramento dos três centros -- Tajoura, Al Khoms (também nos arredores de Tripoli) e Misrata -- foi ordenado na quinta-feira pelo ministro do Interior do governo de acordo nacional líbio (reconhecido pela ONU), Fathi Bashagha.

Na conferência de imprensa em Genebra, Andrej Mahecic frisou que o ACNUR "há muito que pede o encerramento dos centros de detenção para migrantes e refugiados na Líbia", acrescentando que a agência da ONU defende, seja na Líbia ou em outros países, que existem outras alternativas à detenção, especialmente quando se tratam de migrantes menores.

Após o encerramento destes três centros, o porta-voz afirmou que o ACNUR pede agora "a transferência dos refugiados ainda detidos em centros para zonas urbanas", expressando a disponibilidade da agência da ONU "para oferecer assistência financeira, médica e psicológica" a estas pessoas.

Andrej Mahecic lembrou que ainda existem na Líbia pelo menos 19 centros de detenção reconhecidos pelas autoridades líbias, locais que mantêm cerca de 5.000 refugiados e migrantes detidos de forma arbitrária e em condições que a ONU e organizações de defesa de direitos humanos classificam como desumanas.

A Líbia tornou-se nos últimos anos uma placa giratória para centenas de milhares de migrantes, a maioria oriunda de países africanos, que tentam alcançar a Europa através do Mediterrâneo.

Durante a travessia, muitos destes migrantes são apanhados pela guarda costeira líbia, apoiada pela União Europeia (UE), enquanto outros são resgatados por embarcações de organizações não-governamentais (ONG).

O país, imerso num caos político e securitário desde a queda do regime de Muammar Kadhafi em 2011 e devido a divisões e lutas internas de influência entre milícias e tribos, tem sido um terreno fértil para as redes de tráfico ilegal de migrantes e de situações de sequestro, tortura e violações em centros de detenção sobrelotados e precários.

A situação tornou-se ainda mais crítica desde o início da ofensiva militar das forças do marechal Khalifa Haftar, o homem forte do leste da Líbia que avançou em abril contra Tripoli, a sede do governo de acordo nacional líbio estabelecido em 2015 e reconhecido pela ONU.

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