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Liberdade de mulheres sauditas para viajar gera júbilo... e críticas

A possibilidade de as sauditas viajarem para o estrangeiro sem autorização de um "guardião masculino", anunciada na quinta-feira, gerou uma onda de júbilo nas redes sociais, mas também críticas nos meios mais conservadores do reino.

Liberdade de mulheres sauditas para viajar gera júbilo... e críticas
Notícias ao Minuto

16:48 - 02/08/19 por Lusa

Mundo Arábia Saudita

A princesa Rima bint Bandar, primeira mulher embaixadora da Arábia Saudita nos Estados Unidos nomeada em fevereiro, considerou que foi escrita uma nova página da História.

"É uma abordagem (...) que sem dúvida criará uma mudança", escreveu na rede social Twitter, enquanto o jornal pró-governamental Saudi Gazette saudou o anúncio como um "passo de gigante para as mulheres sauditas".

Os '#hashtag' "No Guardianship Over Women Travel" (viagens das mulheres sem tutela) ou "This is our time" (este é o nosso momento) ganham popularidade nas redes sociais, onde foram colocados numerosos 'memes' (montagens de fotografias humorísticas) mostrando mulheres a precipitarem-se para o aeroporto.

O governo anunciou que as sauditas maiores de 21 anos poderão obter um passaporte e viajar para o estrangeiro sem a autorização prévia do seu tutor (pai, marido, filho ou outro familiar masculino).

As sauditas também vão poder a partir de agora declarar oficialmente um nascimento, um casamento ou um divórcio e terem autoridade parental sobre os seus filhos menores, mudanças que também enfraquecem o sistema de "guardião" obrigatório para as mulheres.

Numa contraofensiva, os membros ultraconservadores da sociedade saudita partilharam vídeos de sermões de religiosos sauditas pregando o sistema de "guardião masculino" e alguns denunciaram uma mudança "contrária ao islão".

As reformas inserem-se na série de medidas de liberalização tomadas pelo príncipe herdeiro Mohammed bin Salman, que tenta mudar a imagem do reino.

Desde junho de 2018 as sauditas podem conduzir no país e recentemente foram autorizadas a assistir a jogos de futebol e a aceder a trabalhos anteriormente reservados aos homens.

As mulheres podem agora obter 'online' uma licença para criar uma empresa e a polícia abriu as fileiras a oficiais do sexo feminino.

Para os críticos, as reformas são insuficientes porque o sistema de "guardião masculino" está longe de ser abolido.

As sauditas continuam a precisar de autorização do seu tutor para estudar e para se casarem, enquanto um homem pode divorciar-se sem o consentimento da mulher.

Nos últimos meses, vários casos de fugas para o estrangeiro de jovens sauditas, declarando-se vítimas de violência por parte dos seus tutores, fizeram manchetes e está a decorrer no reino o julgamento de 11 ativistas que protestaram publicamente contra o sistema de "guardião masculino".

As ativistas, processadas por contactos com media estrangeiros, diplomatas e organizações de defesa dos direitos humanos, afirmam terem sido torturadas e assediadas sexualmente enquanto estavam detidas.

A Amnistia Internacional apelou hoje a Riade para "acabar com a perseguição de militantes dos direitos das mulheres" e a "libertar imediatamente as que estão detidas por atividades pacíficas".

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