Em 1971, Reagan ligou a Nixon e chamou "macacos" a africanos na ONU

Gravação foi revelada agora pela The Atlantic.

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Pedro Filipe Pina
31/07/2019 19:22 ‧ 31/07/2019 por Pedro Filipe Pina

Mundo

The Atlantic

Em 1971, uma década antes de assumir a presidência dos Estados Unidos, Ronald Reagan esteve ao telefone com Richard Nixon, o então presidente que acabaria por se demitir após o escândalo Watergate.

Ao telefone, Reagan, que na altura era governador na Califórnia, referiu-se a africanos na ONU como "macacos". Do lado de lá ouviu-se uma gargalhada de Nixon.

A revelação é feita agora pela norte-americana The Atlantic, que divulgou a gravação da conversa.

O diálogo aconteceu no dia a seguir a uma votação na ONU sobre a presença da China e de Taiwan na negociação. Reagan, recorda a BBC, era apoiante de Taiwan. E não terá gostado do resultado da votação.

Após a votação, que reconhecia a República Popular da China e afastava Taiwan da organização, membros da delegação da Tanzânia começaram a dançar.

"A noite passada, digo-te, ver aquilo tudo na televisão como eu vi", começa por dizer Reagan, ao que Nixon responde com um simples "yeah". Depois continuou: "Ver aqueles macacos daqueles países africanos - eles que se lixem, ainda ficam desconfortáveis a usar sapatos", um comentário racista que recebeu como resposta uma gargalhada de Nixon.

O autor da peça da The Atlantic é Tim Naftali, docente de história da Universidade de Nova Iorque. Naftali dirigiu a biblioteca presidencial de Nixon entre 2007 e 2011. Era lá que estava guardada esta conversa de pendor racista e que foi gravada por funcionários de Nixon.

As gravações foram disponibilizadas publicamente no ano 2000. Mas havia cortes, como foi o caso desta parte, que foi considerada sensível e mantida em segredo, como defesa da privacidade de Reagan.

Nixon morreu em 1994. Já Reagan viveria até 2004. Aquando da morte deste último, deu entrada em tribunal um pedido para ter acesso aos documentos completos. Com Reagan falecido, a questão de privacidade mudava. O processo, porém, implicaria uma revisão completa de todos os documentos e gravações da biblioteca presidencial de Nixon, uma etapa que se prolongaria durante anos.

Há duas semanas, Naftali teve finalmente acesso completo a todas as gravações. A The Atlantic publica-as agora. Pode ouvir a gravação clicando aqui.

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