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Quem era Béji Caïd Essebsi, o primeiro presidente da Tunísia democrática?

Veterano da política, o chefe de Estado da Tunísia Béji Caïd Essebsi, que morreu hoje, serviu sob Bourguiba e Ben Ali antes de se tornar o primeiro presidente eleito democraticamente em 2014, três anos após a revolução tunisina.

Quem era Béji Caïd Essebsi, o primeiro presidente da Tunísia democrática?
Notícias ao Minuto

15:49 - 25/07/19 por Lusa

Mundo Tunísia

Béji Caïd Essebsi morreu esta quinta-feira e era, aos 92 anos, o mais velho chefe de Estado do mundo em exercício, depois da rainha Isabel II. Era advogado de formação e nasceu numa família burguesa da Tunísia. 

Chegou à "boca de cena" com a revolução no país, que levou à queda de Zine El Abidine Ben Ali no início de 2011 e desencadeou a designada Primavera Árabe.

Dotado "de uma inteligência política extraordinária", não "moralizou a vida política, o que era necessário", declarou à agência France-Presse um responsável que colaborou com ele diversas vezes.

Desde meados dos anos 1960, foi ministro do Interior, depois da Defesa e dos Negócios Estrangeiros no governo do pai da independência, Habib Bourguiba, tendo ocupado a presidência do parlamento no início da era Ben Ali (1990-91), antes de desaparecer durante a maior parte dos anos 90 e 2000.

Durante as três décadas de ditadura, Caïd Essebsi nunca se opôs a Ben Ali e em abril foi acusado, pela instância encarregada de fazer justiça em relação às vítimas dos diferentes poderes políticos, de ter constatado torturas e outras violações cometidas sob Bourguiba e nada ter dito.

Devido à sua experiência, e apesar da idade, foi Béji Caïd Essebsi que foi nomeado primeiro-ministro provisório em fevereiro de 2011, em pleno tumulto revolucionário, e conduziu o país às primeiras eleições livres da sua história, em outubro de 2011, que foram vencidas pelo partido islâmico Ennahdha.

No ano seguinte participou na criação do partido Nidaa Tounes, conjunto heterogéneo de empresários, universitários, sindicalistas e simpatizantes do antigo regime unidos pela sua oposição ao Ennahdha.

Foi, no entanto, com os islamitas que o Nidaa Tounes se aliou após o seu sucesso eleitoral em 2014, para se afastar no final de 2018.

Ao mesmo tempo, o Nidaa Tounes debate-se com lutas de poder e o jovem Youssef Chahed, que Caïd Essebsi impulsiona para a chefia do governo, lança uma formação rival.

Vangloriando-se de ter sido eleito "graças às mulheres", Caïd Essebsi anulou uma circular que impedia o casamento das tunisinas muçulmanas com não muçulmanos e desejaria ter conseguido mais em relação à igualdade de mulheres e homens, mas o projeto de lei que conseguiu que fosse apresentado ao parlamento sobre esta delicada questão, que toca no texto do Corão, ainda não foi votado.

Embora repetisse que o respeito pelos direitos humanos era uma das conquistas da jovem democracia, o presidente Essebsi não conseguiu silenciar as suspeitas sobre a sua inclinação para restabelecer práticas do antigo regime.

Esteve na origem de um controverso projeto de lei para amnistiar pessoas envolvidas em corrupção durante a ditadura.

Manifestou apoio a um regime mais presidencialista, o que implicaria uma revisão da Constituição de 2014, uma das grandes conquistas do período pós-revolucionário.

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