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Ex-PM do Kosovo suspeito de crimes de guerra parte hoje para Haia

O ex-primeiro-ministro do Kosovo Ramush Haradinaj, convocado pela justiça internacional por suspeitas de crimes de guerra, anunciou que de desloca hoje à Holanda, onde se situa a sede do tribunal especial, na cidade de Haia.

Ex-PM do Kosovo suspeito de crimes de guerra parte hoje para Haia
Notícias ao Minuto

15:23 - 23/07/19 por Lusa

Mundo Kosovo

Os media kosovares admitiram que Ramush Haradinaj, que na sexta-feira formalizou a sua demissão de chefe do governo do Kosovo numa carta dirigida ao presidente, Hashim Thaçi, poderá comparecer na quarta-feira perante o tribunal especial para responder aos juízes.

O tribunal especial internacional responsável pelo julgamento dos crimes de guerra no Kosovo entre 1998 e 2000, uma iniciativa apoiada pela União Europeia (UE), foi criado em 2015 com a missão de investigar as ações violentas cometidas pelo Exército de Libertação do Kosovo (UÇK) em particular contra os sérvios, roms (ciganos) locais e opositores albaneses do UÇK durante a após o conflito de 1998-99 nesta antiga província do sul da Sérvia.

Financiado pela União Europeia e integrado por juízes internacionais, este tribunal é, no entanto, uma instância de direito kosovar, instalada em Haia com o objetivo de proteger as testemunhas.

Em meados de janeiro, este tribunal especial iniciou os interrogatórios, em Haia, de Rrustem Mustafa, (Remi) e Sami Lushtaku, dois outros ex-responsáveis do UÇK.

Os 'media' do Kosovo referiram que as primeiras acusações deverão ser pronunciadas ainda em 2019 e especulam ainda que Haradinaj se encontra entre os potenciais acusados, para além do Presidente, Hashim Thaçi, e do chefe do parlamento, Kadri Veseli.

Último conflito na ex-Jugoslávia, a guerra do Kosovo entre as forças sérvias e os independentistas do UÇK provocou mais de 13.000 mortos, com as estimativas a apontarem para 11.000 vítimas albanesas, 2.000 sérvias e centenas de roms, civis e militares.

Ramush Haradinaj, antigo comandante do UÇK durante o conflito com a Sérvia (1998-99) anunciou em 19 de julho que se iria demitir, quando foi convocado pelo tribunal especial internacional de Haia na qualidade de suspeito de crimes de guerra.

"Recebi uma convocatória do tribunal especial na qualidade de suspeito e ofereceram-me a possibilidade de me deslocar na qualidade de primeiro-ministro ou de simples cidadão. Escolhi a segunda opção", declarou na sexta-feira Haradinaj, 51 anos, sem fornecer detalhes sobre as suspeitas que lhe são dirigidas.

Após ser citado pelo tribunal especial em 19 de julho, Ramush Haradinaj sublinhou que o Governo vai prosseguir em funções, mas sugeriu pela primeira vez a necessidade de serem rapidamente convocadas eleições legislativas.

"O Kosovo deve estar preparado para eleições. Alguns devem compreender que somos um Estado soberano. A responsabilidade cabe agora ao Presidente de organizar consultas e determinar a data das eleições. Vou de novo candidatar-me para obter a confiança [do povo]. Não estou acusado, vou ser interrogado", declarou após uma reunião do governo.

Numa reação ao anúncio de Haradinaj, o Presidente da Sérvia, Aleksandar Vucic, considerou esta decisão como "um truque" para aumentar a sua popularidade, e manifestou o receio de novos entraves no diálogo entre Belgrado e Pristina, que atravessa um período de particular tensão.

Vucic considerou que o dirigente kosovar quer apenas aumentar a sua popularidade, na perspetiva de eleições antecipadas.

"Para nós é importante regressar à mesa das negociações" referiu no sábado, durante uma conferência de imprensa em Belgrado.

Insistiu ainda que o prosseguimento do diálogo depende de Pristina de eliminar as tarifas de 100% impostas em novembro aos produtos sérvios e que Haradinaj já disse pretender manter, apesar das pressões da União Europeia (UE) e Estados Unidos para a sua abolição.

O Governo do Kosovo apenas admite eliminar as tarifas caso a Sérvia reconheça a independência do Kosovo, a sua antiga província do sul com maioria de população albanesa, autoproclamada em 2008 e reconhecida por mais de 100 países, com destaque para os Estados Unidos e a maioria dos países da UE.

Rússia, China, Espanha, Roménia, Grécia, Índia ou África do Sul incluem-se entre os Estados que não reconhecem a independência kosovar.

Haradinaj, líder da nacionalista Aliança para o Futuro do Kosovo (AAK) mantém-se um dos políticos mais populares e lidera o governo de coligação kosovar desde 2017.

Em 2005 e 2011 foi acusado de crimes de guerra pelo extinto Tribunal Penal Internacional para a ex-Jugoslávia (TPIJ), mas acabou absolvido em 2008, e de novo em 2012.

A justiça da Sérvia acusa-o da morte de dezenas de civis durante o conflito no Kosovo (1998-1999) na qualidade de fundador e dirigente das 'Águais Negras', uma unidade integrada no UÇK.

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