Turquia suspende acordo de readmissão de migrantes com a UE
O Governo turco anunciou hoje a suspensão do acordo de readmissão de migrantes assinado em 2016 com a União Europeia (UE), em resposta às sanções impostas por Bruxelas a Ancara pelas suas prospeções de gás nas águas de Chipre.
© Reuters
Mundo Migrações
Em entrevista à cadeia televisiva TGRT, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Mevlüt Çavusoglu, associou esta medida com as recentes sanções, e pelo facto de a UE não ter ainda terminado com a exigência de vistos para os cidadãos turcos.
Na sequência deste pacto, em vigor desde abril de 2016, a Turquia comprometia-se em readmitir os refugiados sírios que partiam das suas costas em direção às ilhas gregas e em troca, por um lado, de uma contribuição de seis mil milhões de euros de ajuda, e ainda na intensificação das negociações para eliminar a imposição de vistos de entrada aos cidadãos turcos a partir de junho de 2016.
"O acordo de readmissão e a extensão dos vistos iam entrar em vigor de forma sucessiva. Suspendemos o acordo de readmissão", disse o ministro.
Çavusoglu afirmou que as sanções da UE, a par do congelamento de diversas negociações e outras ajudas económicas, em resposta à atividade dos navios perfuradores turcos em águas cipriotas, "carecem de legitimidade" e pediu a Bruxelas para "assumir a função de mediador" e não optar pelas posições de Chipre.
A ilha de Chipre foi dividida em 1974 na sequência da invasão militar da Turquia, após uma tentativa fracassada de um golpe promovido por apoiantes da união com a Grécia.
A República de Chipre, a parte sul da ilha com larga maioria de população cipriota grega, garantiu a adesão plena à UE em maio de 2004. A autoproclamada República Turca de Chipre do Norte (RTNC, na parte norte) é apenas reconhecida por Ancara.
O acordo de readmissão entre Ancara e Bruxelas, assinado em março de 2016, prevê que todos os migrantes que cheguem às ilhas gregas situadas frente às costas turcas sejam devolvidos à Turquia.
No caso específico dos sírios, por cada refugiado desse país que fosse devolvido a território turco, um requerente de asilo residente na Turquia seria transferido para território da UE.
Após assinar o plano, o número de migrantes que chegavam às ilhas gregas foi reduzido drasticamente: de 150.000 pessoas por mês no verão de 2015, e 50.000 no início de 2016, registou-se posteriormente uma média de 3.000 entradas mensais.
No entanto, o número de readmissões é reduzido. Segundo dados do Ministério do Interior turco, apenas 1.884 pessoas foram reenviadas para a Turquia no âmbito do pacto agira denunciado por Ancara, e onde se incluíam 357 sírio.
O ministro do Interior turco, Süleyman Soylu, insinuou no sábado que a Turquia poderia utilizar o controlo da migração irregular como uma ferramenta de pressão face a Bruxelas.
"É óbvio que a Europa nos deixou sós neste assunto. Não serve dar palmadas nas costas. Caso a Turquia não adotasse medidas tão decisivas, nenhum governo da Europa aguentaria seis meses. Se querem, podemos prová-lo", disse Soylu, citado pela agência noticiosa estatal Anadolu.
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