"As mudanças do clima estão a correr mais rápido do que nós próprios"
António Guterres adverte que "todas as realidades a que assistimos no mundo são piores do que as piores previsões que existiam". Paralelamente, "a vontade política esmoreceu", considera o secretário-geral das Nações Unidas.
© Reuters
Mundo António Guterres
O secretário-geral da ONU defende que as metas do Acordo de Paris já não são suficientes para evitar uma catástrofe. “Se forem cumpridas, chegaremos ao fim do século com mais 3ºC, o que é uma catástrofe absoluta”, disse António Guterres em entrevista à RTP.
“E pior ainda, mesmo aquilo que foi prometido em Paris, por muitos Estados não está a ser cumprido”, lamentou, sublinhando estarmos perante uma “situação paradoxal”.
“Tudo indica que as coisas estão piores do que se pensava, todas as realidades a que assistimos no mundo são piores do que as piores previsões que existiam, mas a vontade política esmoreceu depois de Paris”, afirmou.
Face à gravidade do panorama, Guterres lembrou que “é preciso acabar com subsídios aos combustíveis fósseis, reduzir os impostos às pessoas, nomeadamente aos salários, e taxar o carbono”.
Além disso, continuou, “é preciso acabar com a construção de centrais a carvão que infelizmente ainda continuam a popular no mundo a partir de 2020. E é preciso tomar um conjunto de outras medidas que exigem vontade política”.
“Infelizmente, as mudanças do clima estão a correr mais rápido que nós próprios”, constatou.
Guterres rejeitou nesta entrevista, que será emitida na íntegra no ‘Linha da Frente’, as acusações de manter silêncio perante a violação de direitos humanos. “A situação política hoje é extremamente complexa e procurar um protagonismo que limite a minha capacidade de conseguir exercer o meu mandato, por razões de vaidade pessoal, seria um ato de profunda estupidez”, destacou.
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