NATO tem de se preparar para mundo com "mais mísseis russos"
O secretário-geral da NATO avisou hoje que a aliança tem de se preparar para um mundo com "mais mísseis russos" caso o tratado EUA-Rússia para reduzir estas armas não seja recuperado até 2 de agosto.
© Reuters
Mundo Jens Stoltenberg
O líder da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN ou NATO na sigla em inglês), Jens Stoltenberg, disse, em entrevista à BBC, que o tempo está a esgotar-se para salvar o principal tratado de mísseis nucleares com a Rússia.
"Temos de estar preparados para um mundo ... com mais mísseis russos", admitiu Jens Stoltenberg.
Os EUA iniciaram em fevereiro o processo de retirada do Tratado sobre as armas nucleares de alcance intermédio (INF) - após o que a Rússia decidiu suspender a sua participação no mesmo -, tendo estipulado um prazo de seis meses (até 02 de agosto próximo) para Moscovo destruir os mísseis SSC-8, que consideram ser de médio alcance e poder atingir a Europa, o que significa que se a Rússia não cumprir o INF caduca.
O Tratado sobre Forças Nucleares de Alcance Intermédio foi assinado em dezembro de 1987 pelo Presidente Ronald Reagan e o líder da ex-União Soviética Mikhail Gorbachev e proibiu ambos os países de possuir e testar mísseis balísticos de médio alcance (de 500 quilómetros a 5,5 mil quilómetros).
Na entrevista à estação britânica de televisão, Stoltenberg disse que os mísseis russos são uma "clara violação do tratado" e avisou que os mísseis são dotados de armas nucleares, móveis, muito difíceis de detetar e capazes de alcançar cidades europeias em poucos minutos.
"Isto é muito sério. O tratado INF é, há décadas, uma pedra angular no controlo de armas e agora estamos a assistir ao fim do tratado", sublinhou.
Embora a prioridade seja fazer com que a Rússia volte a cumprir os termos do acordo assinado há mais de 30 anos, o secretário-geral da NATO admitiu que "não há sinais" de que o país tenha esse objetivo.
"Portanto, temos de estar preparados para um mundo sem o tratado INF e com mais mísseis russos", afirmou.
Embora tenha garantido que a NATO não pretende instalar mísseis nucleares baseados em terra na Europa, Jens Stoltenberg prometeu que a aliança responderá de forma "defensiva" se a Rússia recusar voltar a cumprir o acordo até ao início do próximo mês.
Entre as possibilidades de resposta, o responsável da Aliança do Atlântico referiu a adoção de mísseis de defesa antiaéreos convencionais, novos exercícios e prontidão das forças e novas iniciativas de controlo de armas.
"Qualquer que seja a decisão, só será tomada depois do prazo final" de 2 de agosto, assegurou.
No fim de semana, a União Europeia também pediu à Rússia para preservar o INF, defendendo mais diálogo entre as partes.
"Os próximos dias representam a última oportunidade para o diálogo e para se tomarem as medidas necessárias para preservar esta importante componente da arquitetura de segurança europeia", escreveu Bruxelas em comunicado, exortando todos os Estados a "aplicarem na íntegra o sistema internacional baseado em regras que têm o multilateralismo como princípio-chave".
"Estamos profundamente preocupados com os desenvolvimentos sobre o Tratado", refere o comunicado, acrescentando ser preciso ter cuidado "para não se entrar num caminho que leve a uma nova corrida às armas que pode eliminar as significativas reduções alcançadas a seguir ao fim da Guerra Fria".
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