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Confrontos prolongam-se no bairro muçulmano PK5 em Bangui

A morte de um civil às mãos das milícias na quarta-feira deu origem a uma sucessão de confrontos entre estas e a população no bairro muçulmano PK5 em Bangui, capital da República Centro-Africana (RCA), que prosseguem ainda.

Confrontos prolongam-se no bairro muçulmano PK5 em Bangui
Notícias ao Minuto

16:26 - 11/07/19 por Lusa

Mundo República Centro-Africana

"Desde quarta-feira à noite, o bairro PK5 é palco de disparos envolvendo grupos criminais", disse hoje à comunicação social o porta-voz da missão da ONU no país (Minusca), Vladimir Monteiro, citado pela agência France-Presse.

"Estes confrontos foram deflagrados por crimes crónicos cometidos pelos bandos criminosos contra os comerciantes do bairro", acrescentou.

A organização não-governamental Médicos Sem Fronteiras contabilizou uma dezena de feridos hoje de manhã no bairro, que há várias semanas vivia em paz.

"Isto começou com um confronto entre um vendedor de combustível a um grupo de jovens armados", disse à AFP Awad al Karim, imã da mesquita Ali Babolo, situada no PK5. De acordo com o imã, o vendedor de combustível recusou pagar uma taxa imposta pelas milícias de autodefesa do bairro.

Em represália, dois jovens que se deslocaram num motociclo lançaram uma granada para junto de civis desarmados. Um homem de 40 anos foi morto, segundo Awad as Karim, e o seu corpo foi transportado para a mesquita.

Na sequência do incidente, a família do defunto procurou vingar-se com a ajuda de uma milícia rival do mesmo bairro, de acordo com vários testemunhos de fontes contactadas pela AFP.

Os confrontos prolongaram-se durante a madrugada de hoje e continuaram ao longo de toda a manhã, não obstante a Minusca ter deslocado efetivos militares para o bairro muçulmano.

O PK5 é palco de violências esporádicas desde 2014. Foi neste bairro que se refugiaram muitos muçulmanos de Bangui na sequência dos confrontos entre rebeldes agrupados na coligação Séléka e grupos anti-balaka, que devastaram a capital da RCA depois da queda do Presidente François Bozizé em 2013.

Desde então, o país de 4,5 milhões de habitantes, classificado como um dos mais pobres do mundo e onde os grupos armados se confrontam nas províncias pelo controlo dos recursos, nunca mais conseguiu estabilizar-se.

O Governo controla cerca de um quinto do território. O resto é dividido por mais de 15 milícias que procuram obter dinheiro através de raptos, extorsão, bloqueio de vias de comunicação, recursos minerais (diamantes e ouro, entre outros), roubo de gado e abate de elefantes para venda de marfim.

Foi assinado um acordo de paz em Cartum, capital do Sudão, no início de fevereiro pelo Governo da RCA e por 14 grupos armados. Um mês mais tarde, as partes entenderam-se sobre um governo inclusivo, no âmbito do processo de paz.

Portugal está presente na RCA desde o início de 2017, no quadro da Missão Multidimensional Integrada das Nações Unidas para a Estabilização na República Centro-Africana (MINUSCA), onde agora tem a 5.ª Força Nacional Destacada (FND) e está presente na Missão Europeia de Treino Militar-República Centro-Africana (EUMT-RCA).

A 5.ª FND, que tem a função de Força de Reação Rápida, integra 180 militares do Exército, na sua maioria elementos dos Comandos (22 oficiais, 44 sargentos e 114 praças, das quais nove são mulheres), e três da Força Aérea.

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