Pais de Vincent Lambert consideram a sua morte um "crime de Estado"
Vincent morreu esta quinta-feira após 11 anos ligado às máquinas e no centro de uma luta judicial.
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Mundo Vincent Lambert
Vincent Lambert esteve ligado às máquinas durante 11 anos, depois de ter sido vítima de um acidente de viação e ter ficado tetraplégico e em estado vegetativo em 2008. Durante todo esse tempo foi disputada uma luta judicial entre a sua mulher e seis dos seus irmãos, que queriam que as máquinas fossem desligadas, e os seus pais, católicos conservadores que não conseguiam conceber tal coisa.
Esta quinta-feira, nove dias após a equipa médica ter decidido cumprir as ordens do tribunal e interromper os tratamentos, Vincent morreu.
Tendo em conta toda a controvérsia ao longo dos anos era de esperar que as reações à sua morte fossem consideravelmente diferentes.
O sobrinho considera que a morte do tio é "um alívio", conta a Agence France-Press. "Para mim, o caso Vincent Lambert termina hoje", disse numa conferência de imprensa.
"Não é triste, as pessoas dão-me todas as condolências, mas na verdade estamos prontos há anos, é um pouco racional", confessou, acrescentando que "Vincent estava em estado vegetativo, ele não queria viver assim".
Mas para os pais de Vincent a sua morte tratou-se de um "crime de Estado". "Vincent está morto, está morto por culpa do Estado e de um médico que renunciou ao seu juramento de Hipócrates", escreveram num comunicado divulgado pelos seus advogados.
"Não se levou em conta a dignidade de um homem deficiente, foi condenado por ser deficiente. Porque a primeira dignidade é o respeito pela vida de uma pessoa", acrescentam ainda.
Recorde-se que Vincent tornou-se o rosto da discussão sobre o direito a morrer, em França, depois de ter ficado tetraplégico e em estado vegetativo após um acidente de viação em 2008 e se ter visto no centro de uma batalha judicial entre elementos da sua própria família, nomeadamente entre a sua mulher e seis dos seus irmãos, que queriam que as máquinas fossem desligadas, e os seus pais, católicos assumidos que defendiam a manutenção do suporte de vida.
Em 2011, os médicos que seguem este caso descartaram por completo qualquer possibilidade de melhorias no estado de Vincent Lambert e, em 2014, o seu estado passou a ser classificado como vegetativo.
O médico responsável pela equipa que cuidava de Vincent informou a família sobre a intenção de descontinuar os tratamentos, depois de a 28 de junho, o Tribunal de Cassação (Supremo Tribunal) ter decido que os médicos podiam parar de alimentar o paciente, terminando uma disputa de onze anos entre a mulher e os pais do homem. Os cuidados foram terminados a 2 de julho deste ano.
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