Cerca de 300 migrantes permanecem em centro bombardeado na Líbia
Cerca de 300 pessoas continuam detidas no centro para migrantes em Tajoura, na Líbia, após o ataque aéreo de terça-feira que fez 44 mortos e mais de 130 feridos, indicou hoje a Organização Internacional para as Migrações (OIM).
© Reuters
Mundo OIM
Dos mais de 600 migrantes que estavam neste centro localizado nos arredores da capital líbia, Tripoli, "300 ainda estão no local" e estão a receber assistência humanitária da OIM, afirmou, em declarações à agência noticiosa francesa France Presse (AFP), Safa Msehli, responsável pela comunicação da missão da OIM na Líbia.
A mesma representante admitiu não dispor de informações que confirmassem os relatos de que dezenas de migrantes terão fugido do centro de detenção após o bombardeamento ocorrido na terça-feira à noite.
Num comunicado, a OIM indicou, no entanto, que equipas da organização internacional tinham "localizado" e posteriormente transferido para um hospital local "um grupo de migrantes feridos que estava nas áreas circundantes" ao centro de detenção.
"O ataque de terça-feira custou a vida de pessoas inocentes e todas as partes devem agir imediatamente", afirmou o chefe da missão da OIM na Líbia, Othman Belbeisi.
"O sofrimento dos migrantes na Líbia tornou-se intolerável. Deve ficar claro para todos que a Líbia não é um lugar seguro e que milhares de vidas ainda estão em perigo", acrescentou Othman Belbeisi.
Dois migrantes que sobreviveram ao bombardeamento relataram hoje, em declarações à agência noticiosa norte-americana Associated Press (AP), que tinham sido recrutados por uma milícia local para trabalhar numa oficina de armas adjacente ao centro de detenção.
Os migrantes, que falaram sob a condição de anonimato por medo de represálias, contaram que durante meses foram enviados, dia e noite, para trabalhar nessa oficina.
Um deles, um jovem migrante detido há cerca de dois anos em Tajoura, afirmou que "limpavam armas antiaéreas" e que também viram "uma grande quantidade de 'rockets' e de mísseis".
O ataque aéreo que atingiu este centro para migrantes gerou a condenação internacional, com o enviado especial da ONU para a Líbia, Ghassan Salame, a declarar que o bombardeamento poderia constituir um "crime de guerra".
Apesar das várias reações internacionais, muitas delas a exigir uma investigação independente, os Estados Unidos (membro permanente e com direito de veto) impedirem a adoção pelo Conselho de Segurança da ONU, reunido de emergência na quarta-feira, de uma condenação unânime ao ataque.
Segundo a OIM, mais dos 600 migrantes detidos em Tajoura, 187 estavam inscritos no programa "Regresso voluntário", um programa de repatriamentos voluntários gerido pela organização no território líbio.
"A OIM continua a pedir o fim da detenção arbitrária e lembra a todas as partes que os civis não são um alvo", acrescentou a organização, salientando que cerca de 3.300 migrantes ainda permanecem detidos em Tripoli e nos arredores da capital líbia em centros "considerados em risco".
A ONU e as respetivas agências, bem como várias organizações humanitárias, manifestam frequentemente a sua oposição à prática de devolver migrantes resgatados em mar à Líbia, país imerso num caos político e securitário desde a queda do regime de Muammar Kadhafi em 2011 que tem sido um terreno fértil para as redes de tráfico ilegal de migrantes e situações de sequestro, tortura e violações.
A situação tornou-se ainda mais crítica desde o início da ofensiva militar das forças do marechal Khalifa Haftar, o homem forte do leste da Líbia que avançou em abril contra Tripoli, a sede do governo de acordo nacional líbio estabelecido em 2015 e reconhecido pela ONU.
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