David Sassoli quer UE com "antídoto" contra o "veneno" dos nacionalismos
O novo presidente do Parlamento Europeu, David Sassoli, garantiu hoje que durante o seu mandato lutará por uma Europa mais democrática, aberta e tolerante, que rejeite liminarmente o "veneno" dos nacionalismos.
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No discurso proferido no hemiciclo de Estrasburgo imediatamente após a sua eleição, o socialista italiano fez por diversas vezes referência ao combate que a Europa travou e venceu contra os nacionalismos, e defendeu ser necessário "recuperar o espírito dos pais fundadores do projeto europeu, que souberam por de parte as inimizades da guerra e os estragos do nacionalismo", que volta a ser uma ameaça.
"Nestes meses, muitas pessoas apostaram no declínio do projeto europeu, alimentando divisões e conflitos que pensávamos serem uma triste lembrança da nossa história. Mas os cidadãos mostraram, pelo contrário, que ainda acreditam neste projeto extraordinário, o único capaz de dar resposta aos desafios globais que temos pela frente", disse, referindo-se à elevada taxa de participação nas eleições europeias de maio passado.
"Não somos um acaso da história, somos os filhos e os netos daqueles que conseguiram encontrar um antídoto contra os nacionalismos que envenenaram a nossa história. Somos europeus, e todos somos apaixonados pelos nossos países, mas o nacionalismo tornado ideologia e idolatria leva a conflitos devastadores", insistiu.
Advertindo que "nenhum governo pode renunciar aos valores europeus e nenhum governo pode silenciar os seus opositores", Sassoli insistiu na necessidade de uma Europa de "liberdade, dignidade e solidariedade", tolerante e orgulhosa da sua diversidade, sublinhando que ninguém deve poder ser condenado pelas suas crenças religiosas, políticas ou orientação sexual.
Para atender às inquietações dos europeus, defendeu a necessidade de "relançar o processo de integração, reformando a nossa União para que esta possa responder mais robustamente às necessidades e às preocupações dos cidadãos, ao seu crescente sentimento de perda", declarou.
No topo da agenda, defendeu, a UE deve colocar temas como as migrações, as alterações climáticas, o desemprego jovem, a revolução digital, o novo equilíbrio mundial, "só para citar algumas, que precisam de novas ideias e coragem".
Numa conferência de imprensa realizada imediatamente a seguir à sua primeira intervenção em plenário enquanto presidente da assembleia, Sassoli, questionado sobre o compromisso alcançado na véspera pelos chefes de Estado e de Governo da UE sobre a distribuição dos cargos de topo, que deixou 'cair' o modelo 'spitzenkandidat' (a designação do presidente da Comissão entre os "candidatos principais" apresentados às eleições europeias pelas diferentes famílias políticas), admitiu que é necessário um debate profundo, no sentido de recuperar essa ideia, que, sustentou, aproxima a Europa dos cidadãos.
"Temos agora que analisar que melhorias podem ser feitas. Acreditávamos que o modelo do 'spitzenkandidat' seria aplicado automaticamente. Constatámos ontem (terça-feira) que essa decisão continua nas mãos do Conselho. Penso que é preciso um debate, ver de que modo as ferramentas que servem a democracia europeia podem ser melhoradas", disse.
Antigo jornalista, Sassoli, 63 anos, venceu hoje a eleição para a presidência do Parlamento Europeu com uma maioria absoluta de 345 votos, na segunda volta da votação, depois de na primeira ronda ter ficado a apenas sete votos da maioria.
O nome do italiano foi proposto pelo grupo socialista após o acordo alcançado no Conselho Europeu na terça-feira, que prevê que na segunda metade do mandato seja um membro do Partido Popular Europeu (PPE, que integra os portugueses PSD e CDS-PP) a ocupar a presidência do Parlamento Europeu.
O PPE e o grupo Renovar a Europa (liberais), primeira e terceira maiores forças do hemiciclo, não apresentaram candidatos à eleição de hoje.
À falta de um acordo entre as três principais famílias políticas em torno dos "candidatos principais" que apresentaram às eleições de maio passado, os 28 decidiram na terça-feira, após uma longa 'maratona' negocial, nomear a 'outsider' alemã Ursula von der Leyen para a presidência da Comissão Europeia.
O acordo entre os 28 contempla ainda a nomeação do primeiro-ministro belga em funções, o liberal Charles Michel, para a presidência do Conselho Europeu, do ministro espanhol dos Negócios Estrangeiros, o socialista Josep Borrell, como Alto Representante da UE para a Política Externa, e ainda da francesa Christine Lagarde para o Banco Central Europeu.
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