Human Rights Watch acusa polícia queniana de "assassínios extrajudiciais"
A organização não-governamental Human Rights Watch (HRW) acusou hoje a polícia do Quénia de ter matado pelo menos 21 pessoas em favelas de Nairobi desde 2018.
© Reuters
Mundo ONG
Num comunicado emitido em Nairobi, a organização de defesa dos direitos humanos referiu que estes "assassínios extrajudiciais" ocorreram nos subúrbios de Mathare e Dandora, embora alguns ativistas de direitos humanos das zonas afetadas afirmem que o número de pessoas mortas seja mais elevado do que o divulgado.
Em virtude da lei queniana e internacional, a organização não-governamental (ONG), refere que a polícia só está autorizada a usar força letal em situações extremas quando a vida de um agente está em risco.
Citado pela agência Efe, o responsável da HRW para África, Otsieno Namwaya, disse que a polícia está "a prender e a matar gente desarmada, e nem o serviço da polícia nem a agência reguladora estão a fazer nada para impedir [as mortes]".
"As autoridades deveriam investigar sem demora estes casos e processar qualquer polícia responsável pelo uso ilegal da força", acrescentou.
De acordo com a Efe, nos casos analisados pela Human Rights Watch, a polícia não notificou o número de mortos, nem iniciou a pertinente investigação, como é estipulado por lei.
Segundo a organização de defesa dos direitos humanos, em abril, na localidade de Mathare, em três dias, a polícia matou, sem justificação aparente, sete homens por estarem alegadamente relacionados com um crime. Referem que as vítimas não estavam armadas e não resistiram à detenção.
Já na localidade de Dandora (subúrbio a leste de Nairobi), um informante da polícia disse que os agentes que patrulhavam o bairro tinham uma lista de suspeitos iriam "ser executados extrajudicialmente" e que a maioria dos assassínios é determinada por agentes que têm um grupo no ´WhatsApp´ em que partilham informação sobre as vítimas, de acordo com a HRW.
Perante estas acusações, o porta-voz da polícia do Quénia, Charles Owino, disse que qualquer agente que não cumpra a lei deve enfrentar as consequências. No entanto, garantiu que não tinha informação completa sobre os casos mencionados pela ONG.
"No caso de assassínios [nas localidades] de Dandora e Mathere, a autoridade independente de supervisão policial [queniana] deveria investigar tais assassínios e garantir que os culpados são alvo de processos", salientou Owino.
Apesar das acusações, as autoridades locais insistem que a criminalidade diminuiu em Nairobi devido à ação da polícia e que os agentes têm o "direito de usar força letal porque os criminosos estão armados".
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