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Médico que trata migrantes em Lampedusa é cara nova em Estrasburgo

Pietro Bartolo, um médico italiano da ilha de Lampedusa, é uma das novas caras no Parlamento Europeu (PE), além de um ex-primeiro-ministro italiano, um humorista alemão e um saudosista do fascismo espanhol, entre muitos outros.

Médico que trata migrantes em Lampedusa é cara nova em Estrasburgo
Notícias ao Minuto

15:55 - 02/07/19 por Lusa

Mundo Parlamento Europeu

O novo Parlamento Europeu, eleito nas eleições europeias de 23 a 26 de maio iniciou hoje a sua sessão inaugural, dando posse a 751 eurodeputados, mais de metade (61%) dos quais entram pela primeira vez no plenário europeu.

Uma das estreias é a de Pietro Bartolo, 63 anos, eleito nas listas do Partido Democrata (centro-esquerda) para levar as migrações ao centro do debate europeu.

Tornou-se conhecido do público em 2016 quando protagonizou o documentário 'Fuocoammare', de Gianfranco Rosi, um filme sobre a tragédia dos refugiados que chegam aos milhares àquela ilha, que venceu o Urso de Ouro no festival de cinema de Berlim.

Bartolo exerce há mais de 30 anos na pequena ilha do Mediterrâneo, o ponto do território italiano mais próximo da costa da Líbia, e diz ter testemunhado "os maiores crimes que podem cometer-se contra a Humanidade".

"Fiz um filme, escrevi o meu primeiro livro, depois um segundo. Pensei que alguém com coração se ia preocupar. Mas nem isso. Foi por isso que decidir fazer política", explicou numa entrevista ao Euronews.

No Parlamento Europeu, onde se vai sentar com os Socialistas Europeus, vai bater-se pela revisão da convenção de Dublin, que estipula que os refugiados devem pedir asilo no Estado-membro da UE ao qual chegam, "para dar às pessoas que chegam a Itália a possibilidade de irem para o país onde desejam viver".

Silvio Berlusconi é outro novo eurodeputado italiano.

Aos 82 anos, o ex-primeiro-ministro e milionário várias vezes envolvido em escândalos sexuais e financeiros, decidiu tentar a eleição para o PE pelo partido que fundou há 25 anos, o Forza Italia (direita).

Apesar de a votação ter ficado abaixo das previsões, apenas 8,8%, Berlusconi foi eleito e, com ele, mais seis eurodeputados do partido.

Segundo o diário La Stampa, logo após as eleições europeias de maio, Berlusconi comprou uma luxuosa moradia no bairro das embaixadas de Bruxelas.

Na campanha, o ex-primeiro-ministro defendeu a aproximação da direita à extrema-direita na Europa, mas também o reatamento dos laços com a Rússia de Vladimir Putin, de quem se diz grande amigo.

Outra das "caras novas" na assembleia europeia é a do britânico Magid Magid, apelidado no seu país como "o presidente de câmara mais 'cool' da Grã-Bretanha".

Magid Magid tem 29 anos e é um antigo refugiado somali, chegado ao Reino Unido com poucos anos de idade e criado na cidade industrial de Sheffield (norte).

Foi eleito presidente da câmara de Sheffield em maio de 2018, depois de uma campanha marcada pela defesa da proteção do ambiente e da tolerância e contra o racismo e ganhou popularidade depois de afirmar, usando um 'sombrero' mexicano que o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, estava proibido de visitar Sheffield.

Ao PE chegou eleito pelos Verdes britânicos e reagiu à eleição escrevendo na rede social Twitter que uma "onda verde cresce na Europa" e "está só a começar".

Na Alemanha, a surpresa das últimas eleições europeias foi a eleição do humorista Nico Semsrott, que prometeu na campanha "desiludir os eleitores" embora ainda "não saiba como".

Eleito pelo partido satírico Die Partei (O Partido), que já em 2014 tinha eleito um eurodeputado, o fundador Martin Sonneborn, chegou nestas eleições a 2,4% dos votos.

"Lol", tweetou Nico Semsrott quando foram anunciados os resultados das europeias de 26 de maio.

Fundado em 2004, O Partido defende "o trabalho, o Estado de direito, a proteção dos animais e a iniciativa democrática".

Nesta campanha causou polémica ao apresentar uma lista de candidatos cujos apelidos eram iguais aos de altos responsáveis do regime nazi.

Em Espanha, e depois de um ano em que a extrema-direita obteve importantes ganhos eleitorais, o Vox elegeu três eurodeputados, entre os quais Jorge Buxadé, um saudoso da ditadura franquista.

Nascido em Barcelona em 1975, Buxadé foi militante do partido fascista Falange Espanhola, sucessor do partido que foi o pilar do regime fascista, pelo qual se candidatou às europeias de 1995 e às legislativas de 1996.

Advogado, pai de quatro filhos e fervoroso conservador e católico, integra a direção do Vox desde 2016 e diz-se admirador de Primo de Rivera, que nos anos 1930 importou para Espanha as ideias do ditador italiano Benito Mussolini, que qualifica de "alma superior".

No PE, propõe-se contribuir para "travar qualquer medida orientada para uma maior integração enquanto não se resolver o problema da euro ordem", que considera ser o que permite ao líder independentista e ex-chefe do governo regional da Catalunha Carles Puigdemont "passear tranquilamente nas ruas das capitais europeias".

Puigdemont, vive em Bruxelas para fugir à execução de um mandado de detenção de Espanha, seria aliás outra das novas caras em Estrasburgo, assim como um dos membros do seu governo regional, Toni Comín e o líder da Esquerda Republicana da Catalunha, Oriol Junqueras, em prisão preventiva em Madrid há ano e meio.

Todos três foram impedidos de tomar posse como eurodeputados, dado que os seus nomes não constam da lista oficial que o governo de Espanha transmitiu ao PE, o que motivou uma manifestação de protestos de milhares de apoiantes da secessão catalã frente ao Parlamento Europeu.

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